Este blog surgiu como forma de demonstrar aspectos de minha vida, que realizam-me ou que são e foram importantes para mim, em meu crescimento material e intelectual.....
Postado por João Francisco da Costa quarta-feira, 11 de novembro de 2009 às 10:45
Postado por João Francisco da Costa terça-feira, 10 de novembro de 2009 às 16:48
Postado por João Francisco da Costa terça-feira, 3 de novembro de 2009 às 15:14
"O sábio teme o céu sereno; em compensação, quando vem a tempestade ele caminha sobre as ondas e desafia o vento."
Postado por João Francisco da Costa às 15:13
"Se eu conhecesse a causa da minha ignorância, seria um sábio."
Postado por João Francisco da Costa às 15:12
"O impossível é o possível que nunca foi tentado. chega quem caminha! ".
Postado por João Francisco da Costa às 15:10
João Francisco da Costa
Resumo: O presente relatório tem por finalidade, apresentar as impressões e entendimentos sobre a pesquisa sócioantropológica realizada junto às diversas comunidades do Bairro Guajuviras, que formam o arcabouço discente de nossa escola. Com o objetivo central de nós, educadores e educandos, analisarmos a realidade de nossos educandos e educandas, assim como, de suas famílias, cotidiano, relações humanidade – natureza, ambiente, culturas, entre outros fatores, buscou-se construir este, que de forma alguma é completo ou findado. Tal relatório faz parte de um gigantesco mundo de impressões e dúvidas, que levar-nos-á ao questionamento e (re) pensamento de nossa condição docente, baseado no ideal da construção de um mundo mais justo e verdadeiro.
Palavras – Chave: Pesquisa sócioantropológica - Realidade – Visão e transformação de mundo.
1. A Pesquisa
Nesse anos de 2005, o grupo pedagógico da Escola Estadual de Ensino Médio Cônego José Leão Hartmann, propôs, a nós, educadores e educadoras desse estabelecimento, que realizássemos uma pesquisa de cunho Social e, ao mesmo tempo, antropológica, a qual unindo etimologicamente as palavras, sócioantropológica.
Outrora, a Escola já dera o pontapé inicial em tal pesquisa, todavia, eu ainda não fazia parte do quadro docente da mesma, não tendo então, participado da mesma, quando de sua realização primeira.
Tal pesquisa, que carrega um caráter qualitativo, busca, sobretudo, colocar-nos frente à realidade cotidiana de nossas educandas e educandos, com a finalidade principal, de quebrarmos alguns de nossos conceitos e mentalidade de mundo, que, por vezes, cristalizadas em nossas vidas um tanto (senão muito) alienadas, nos faz crer, que o mundo parece igual a todos.
2. A Pesquisa e o pesquisador
A pesquisa qualitativa ou estudo de caso é uma forma interessante de realizar um (RE) conhecimento daquilo que se busca, fugindo principalmente, daquele questionário, horas vagos horas inconveniente, tão utilizado nas pesquisa que visam a quantidade.
O estudo de caso, possibilita àquele que i empreende, a uma maior compreensão e entendimento da entrevista que realizará. Esse tipo de instrumento possibilita, ainda, ao entrevistador participar ativamente da pesquisa, porém, não a alterando; além disso, dá ao entrevistado ou entrevistada, uma maior abertura às suas respostas, conforme coloca Triviños:
Podemos entender por entrevista semi estruturada, em geral àquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, frutos de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante. Desta maneira, o informante seguindo espontaneamente a linha de seu pensamento e de suas experiências dentro do foco principal colocado pelo investigador, começa a participar na elaboração do conteúdo da pesquisa. (TRIVIÑOS. 1987 , p. 146)
2.1 O pesquisador
1.ª Análise
O Primeiro encontro
Confesso que realmente surpreendi-me da comunicação, de que iríamos a campo, para a realização da pesquisa. A princípio, imaginei as possibilidades e probabilidades, de deparar-me com um mundo tão desigual, em um bairro que trás os mais diversificados aspectos sociais, assim como, as mais variadas diferenças de classe.
Após a organização do material necessário, escolheu-se que o feito seria em duplas de docentes, sendo oferecido aos educandos e educandas a oportunidade destes e destas acompanhar-nos à realização da pesquisa.
Formei dupla com a educadora Bernadete Catarina, a qual, devo esclarecer, admiro profundamente, por sua naturalidade e serenidade, além é claro de seus conhecimentos e discernimentos.
Em nossa primeira ida a campo, escolhemos a casa de uma de nossas alunas de 8.ª série, que reside à Vila São Miguel, a qual, a família tem uma história em nossa escola, pois seus irmãos e irmãs, com mais e menos idade que a educanda, estudaram e estudam no estabelecimento.
A educanda mora em uma casa modesta (se comparada a inúmeras), que passa por reformas de ampliação nesse momento. A infra-estrutura do lugar, pareceu-me interessante ao ponto de vista da região. Por tratar-se de uma área de “invasão”, há ruas bem traçadas, não asfaltadas; há sistema de esgoto, luz e água.
A mãe da educanda, nesse caso a entrevistada, nos recebeu cordialmente, deixando seus afazeres profissionais (lar e costura) de lado, a fim de colaborar com nossa pesquisa.
Realizamos a pesquisa (a educadora Bernadete e eu) acompanhados pela educanda, a qual foi por nós selecionada à entrevista, além de um educando e uma educanda da 8.ª série.
Essa família, pareceu-me estar bastante consciente com os assuntos polêmicos do dia-a-dia, além, das questões sociais intrínsecas de nossa realidade atual e passada. A escolarização da mãe da educanda, levando-se em consideração sua idade, é bastante alta; segundo a própria, teria estudado até o 1.º ano do Ensino Médio.
Pareceu-me claramente, que existem conceitos sociais e, se posso assim me referir, valores muito arraigados à família. O tipo de “criação” dos filhos segue normas de conduta que levam em consideração aspectos como a Religião Católica (culto, participação), cultura (descendência alemã) e, princípios baseados na concepção da fé Cristã.
A mãe (D. Ana Terezinha), transmitiu-me veracidade e segurança em suas respostas, tendo retraído-se somente, quando questionada sobre a violência e a segurança no bairro. Analisei esse fato como um fato socialmente dispersado em inúmeras comunidades: os chamados Pactos de Silêncio.
Quanto a isso, não posso esclarecer muito a respeito, pois creio que tal fato, deve-se a própria insegurança que os habitantes de determinadas áreas têm, temendo de alguma sorte, determinado prejuízo.
Mas, de qualquer modo, a entrevista foi muito proveitosa e analítica; suas respostas contribuíram muito a minha compreensão de alguns fatores, como por exemplo, a participação na escola e em comunidades de bairro ( o que acontecia por parte da família), assim como, o afastamento da família dessas entidades.
Analisei ainda, o conhecimento geográfico (em seu amplo entendimento) da entrevistada, a qual demonstra percepção ambiental gigante, demonstrando-se preocupada com as questões relacionadas à poluição, manutenção dos recursos hídricos, clima e sobretudo, sobrevivência humana sobre o planeta.
Observei a questão fonética da entrevistada, que ainda carrega um forte sotaque, motivado pela utilização da língua alemã, todavia, suas expressões e construções de frase são muito bem feitas. Mesmo ainda, carregando elementos fonéticos de sua língua de ascendência, lida muito bem com o Português.
A comunidade onde residem, não dispõe de muitos recursos tecnológicos; a vila está em processo de urbanização já bem adiantado. Perto do domicílio existe um pequeno supermercado, além de alguns bares e armazéns, os quais pude analisar, percorrendo os trajetos de ida e volta à casa e à escola. Quando chegávamos, observei o caminhão do gás que passava por lá, indicando um processo de expansão da localidade, além de que, a moradora informou-nos que a coleta municipal de lixo, passa por lá três vezes na semana.
Além dos afazeres domésticos, a moradora “costura pra fora”, fato esse totalmente perceptível, pois fomos acolhidos em seu ateliê, que por sinal demonstrava seu reconhecimento pela vizinhança, ou então por seu trabalho mesmo, pois as peças amontoavam-se às paredes, ao chão, por cima das mesetas de costuras, etc.
Aprendi, que nem sempre vemos o que vemos. A educanda, a qual fomos a casa, é minha aluna desde a sexta série, e consigo perceber (desde então), que carrega consigo, algumas barreiras de assimilação. Imaginava eu, que a educanda provinha de uma família muito pobre, e que de alguma forma, sofria com desajustes sociais. Todavia, percebo agora, que não é falta de assimilação, a educanda enfrente problemas reais, porém, nota-se que tem uma base familiar boa.
Percebi ainda, que a realidade não é um padrão, nem mesmo um conceito, ela é verdadeira, vejo realmente essa primeira família em uma situação difícil (financeira e socialmente), porém, com traços marcantes de fidelidade e estrutura familiar, além de pactos sentimentais que estabelecem as relações.
2.ª Análise
“ Um novo encontro”
Bom, para iniciar meu relato a respeito do segundo encontro, necessito localizar a família a qual visitamos:
Dirigimo-nos à chamada Rua da Vitória, espacializada em frente às dependências da escola, ao lado oposto da entrada principal da mesma.
A Rua da Vitória conta uma trajetória explicita da 2ª ou 3ª onde de invasões no Bairro Guajuviras, e foi analisada na primeira pesquisa sócioantropológica realizada pelos educadores e educadoras, funcionários, educandos e educandas da escola.
Visitamos a casa de uma de nossas educandas da 8ª série, onde há, juntamente à casa, um estabelecimento comercial de propriedade da mãe da educanda.
A princípio, nossa entrevistada mostrou-se preocupada com o horário, pois fazia-se perto do meio-dia e, indagou-nos se a entrevista demoraria, pois estava preparando o almoço da família.
Após os primeiros acertos, iniciamos nossa conversa. De início, a entrevistada pareceu-me um pouco constrangida com nossa presença, porém, aos poucos, a educadora Bernadete transmitiu-lhe a segurança necessária e, aquela, foi respondendo nossos questionamentos com notável satisfação, tanto, que em determinado ponto da conversa, esqueceu-se do almoço.
É notável a noção de mundo dessa entrevistada,: perpassa por todos os tipos de assunto, demonstrando conhecimento não somente empírico, demonstra conhecimento atual. A pesquisada interagiu fluentemente em nossa proposta, propondo-nos questionamentos.
Sobre os aspectos ambientais, sobretudo, a mãe da educanda tem alto conhecimento da realidade, além de mostrar seu interesse e participação à preservação e conservação de recursos necessários à sobrevivência humana, e aqui, coloco, a sua própria.
Contou-nos sua trajetória desde que veio morar à rua Vitória; explanou sobre as questões de segurança e falta dessa, demonstrando indignação. Além disso, demonstrou sua politização, sem medo de expor suas opiniões políticas, quando referia-se a esse tema.
Percebi uma preocupação – interação, do ponto de vista sócio – econômico – cultural, por parte dessa mãe.
Outrossim, percebi, mais uma vez, a determinação e o sentimento materno afastando todas as barreiras sociais; ademais, nota-se também, a presença do patriarcalismo em algumas de suas concepções, ora, não poderia ser diferente, alguns fatos relatados, levaram-me a entender tal comportamento, como por exemplo, o fato da entrevistada ter orientação religiosa evangélico – batista, baseada na Bíblia Cristã, além é claro, do fato que deixou-nos muito claro, de como foi criada, totalmente assistencializada pelo pai.
Porém, nota-se ao mesmo tempo, contradições a respeito dessa percepção. Creio pessoalmente, que a entrevistada quebrou inúmeros obstáculos da vida, mas ainda mantém pequenos traços culturais, aos quais são extremamente necessários a estruturação de sua família, que, mesmo trazendo esses aspectos, me parece muito centrada nela mesma.
O nível cultural da mãe da educanda é bastante grande, se comparado ao da próxima entrevista. É ela, uma mulher de “garra” e “fibra”, como colocou, porém, sente muito medo da sociedade e dos aspectos negativos que essa possa ter sobre suas filhas, como por exemplo, as drogas (drama social da atualidade e das mentalidades do século XX e XXI).
3.ª análise
“o (re) verso da moeda”
Em nosso último dia de pesquisa, saímos em trio; contamos com a presença do educador Anderson Madeira, que acompanhou-nos em nossa trajetória.
Saímos da escola sem rumo, pois não sabíamos onde o educando selecionado residia, sabíamos sim, que morava na “ “Contel, invasão atrás da escola n.º 11”.
Para nossa surpresa, não encontramos o número e nem mesmo a direção que nos foi dada. Fomos andando, analisando. Para mim, foi uma surpresa, pois nunca havia entrado diretamente dentro da vila. Conhecia o lugar de outros tempos, quando havia ali, uma vasta vegetação, inclusive caminhava por dentro dela, mas sob a égide de uma urbanização recente, em condições ainda em desenvolvimento, fiquei surpreso e lembrando de outros tempos.
Além disso, essas análises remeteram-me à universidade, ao curso de História, de Geografia, às disciplinas de Prática e Psicologia da Educação, Didática.
Gostaria que meus mestres, atarraxados em suas cadeiras macias, viessem ali, naquele momento, olhar a Geografia Urbana, Física, Social, Cultural e as analisassem como uma construção da Geografia da Vida, da Realidade.
Gostaria honestamente, que minhas professoras e professores e não educadoras e educadores de Prática de Ensino, pudessem analisar e ver o que vi, para depois então, montarem suas aulas, dentro de um contexto real, que trata da vida cotidiana de nossos educandos e não, as utopias de que “tudo é ótimo e maravilhoso, basta entrar na sala e dar aula”.
Enfim, perguntando a um morador, descobrimos o rumo onde habitava a família determinada. Utilizo aqui o conceito habitar, para conseguir reportar-me de forma não indignada, a paisagem que percorri até chegarmos à casa do educando.
Chegando à casa, avistamos um de nossos educandos, que posso descrever muitos aspectos, mais a impressão que mais ficou, foi a de que ele queria, naquele momento, estar em qualquer lugar do universo, a não ser ali, em sua casa.
O chamamos, ele estava na porta, tomando café em um vidro de maionese Helmanns (daqueles antigos, que não se fabricam mais). Com receio, atendeu-nos ao portão, onde a educadora Bernadete explicou-lhe o motivo de nossa visita; demonstrando nervosismo, mas tentando disfarçar, convidou-nos a entrar.
A impressão que tive nesse momento, conhecendo um pouco da trajetória da família (aquelas história que comentamos nos corredores), imaginei que o educando temia que fosse uma visita formal, para queixarmo-nos dele e, que ele pudera sofrer alguma punição do pai; todavia, não demorou muito para que eu compreendesse que na verdade, o educando, mesmo que de uma forma inconsciente, sentia vergonha de seu lugar, locos. Não posso e nem desejo imaginar o que passou na mente do educando, analisei da seguinte forma e em suas palavras: “meus professores estão aqui”.
Seu irmão, que também é nossos educando, nem sequer saiu de dentro da pequena casa; e sei, por conhecê-lo a alguns anos, que seu pensamento não foi diferente, antes pelo contrário, penso que tenha sido mais intenso.
“Rosane, acho que ainda não estou curado do meu mal de chorar, quando me indigno”.
Bom, a entrevista foi realizada com o pai dos educandos e com sua madrasta. Aquele, nitidamente, mostrou-se uma pessoa de pouca instrução educacional, porém, um homem marcado pela falta de sonhos, de esperanças, marcado pelos obstáculos pesados que a vida lhe impôs. Ela, mostrou-se mais instruída, mais serena quanto às suas respostas, porém, não foram muitas, pois os afazeres lhe chamaram.
Senti-me revoltado em muitos momentos, tentando buscar em minhas teorias, algo que mostrasse e explicasse não somente a cena de onde estávamos, mas a paisagem a volta.
Perto da residência (100 metros), existe um aterro, não sei se de ferro velho ou lixo, ou algo parecido. A rua que dá acesso à casa é uma lomba e termina em um banhado; rua essa, onde a água dos tanques de lavar roupas correm às margens.
Quase entrei em surto, quando o pai relatou que a água que bebem é de um poço, que foi perfurado comunitariamente, entre sua cunhada, o vizinhos dos fundos e ele, e que esse poço tinha 40 metros de profundidade.
(banhado aterro esgoto cloacal em forma de sumidouro terreno permeável pelo banhado lençol d’água cloriformes fecais, gases, produtos químicos etc, etc).
Bom, parte técnica de lado, gostaria de dizer que vi o que sabia que existia e, sei que existe pior.
O pai demonstrou desconforto a princípio, acreditando que a entrevista teria algum cunho que não fosse o sócioantropológico, porém, aos poucos foi respondendo nossos questionamentos, pelo menos, aqueles que sua compreensão permitia.
Sentamos no alicerce de sua futura casa, que faz 02 anos que começou a fazer e ainda está nas pedras, além de nos mostrar sua plantação de batatas-doces e um pequeno buraco, que imaginei eu, fosse um esgota doméstico, porém, para minha tristeza, era um “açude” de 01 (um) metro por (01) metro de comprimento, onde ele, satisfeitíssimo me contou que faz três anos que tem uns “pexi”, não me recordo o nome, mas tem um ( e isso não é sátira, embora hoje tenha vontade rir de mim mesmo), que “tá grandão, faiz quase dois ano que tá í”.
Para minha concepção, foi o absurdo, o cúmulo, o impensado, pois imaginei todas as situações possíveis que aquela cena me representava, em minha mente a pergunta era: o que é aquilo Olorum?
“Aquilo”, era o sonho de meu entrevistado e, por mais que eu não quisesse enxergar, levei três dias para aceitar isso dentro de mim. O sonho de uma criação, de estar ligado a suas raízes, à pesca ou a própria criação mesmo, não sei, não sei, mas a satisfação com que ele falou e mostrou-nos, explicando cuidadosamente, refletiu em minha alma, uma das únicas alegrias visíveis, honestas, um dos sorrisos, se não o único, verdadeiro.
Imagina o que eu pensei: Dengue, lectospirose, poluição, crianças e adultos expostos, enfim, um arcabouço de teorias (sem práxis), que formam as minhas preocupações.
Bom, acho melhor parar por aqui, antes que eu mesmo me confunda.
Aprendi muito com esta entrevista, aprendi que o mundo não é estático, porém, sem a Teoria da Rotação. Aprendi que o sonho não precisa ser gigante, ele pode ter 1m²; aprendi que a necessidade te faz achar formas de sobrevivência, porém sem a Teoria da Evolução.
3. Conclusão
A pesquisa realizada por nossa escola, a qual participei, trouxe-me questionamentos que não serão sanados rapidamente.
Entendo a sociedade, como processos de aceleração e retração de estágios econômicos e humanos, onde os primeiros prevalecem sobre os últimos, pelo menos no modo de produção em que vivemos.
A realidade a qual fui exposto, mostrou-me contradições assustadoras e reais da atual sociedade brasileira. De uma família com estrutura familiar forte, com dois filhos a uma família com base cultural estabilizada com cinco filhos até a realidade de uma família que reside em uma pequena casa e abriga oito ou nove pessoas, vivendo em condições precárias, sejam econômicas, sociais, de infra-estrutura, de estrutura e sobretudo, de relações sentimentais e pessoais.
Creio que a sociedade brasileira, tema de debates em diversas cátedras acadêmicas, passe hoje, por problemas muito mais sérios dos que os que são demonstrados em nossos índices: falta de segurança, acesso a recursos primários, como medicina, saúde, alimentação garantida e emprego entre outros, ademais, as grandes discussões visam um mundo melhor, porém, as estrutura deve ser analisada como um todo, não em pequenas partes.
A realidade social não deve ficar sob diversos papéis, em cima de algumas mesas, ela deve ser mostrada, analisada e deve-se, sobretudo, buscar um entendimento e soluções à esse respeito.
Ora, é impossível acreditar que em um país, onde 78% da população tem uma descendência negra, pelo menos, em sua árvore genealógica, que ainda vivamos o fantasma do preconceito e da discriminação contra o negro, contra sua moral, contra sua dignidade.
As questões de exclusão e marginalização foram destacadas pelos entrevistados de forma peculiar e esclarecedoras.
A falta de assistência (e eu não gosto de utilizar essa palavra), por parte dos órgãos competentes é nítida; todavia, não são somente os órgãos governamentais, que empurram essas populações às invasões, não é somente o modo de produção capitalista, que exclui o nosso educando, é também, a mentalidade de um país, rico culturalmente, mas que vive a dominação ideológica exógena, exterior.
É sim, a visão de mundo que se construiu nesse Estado, que eu espero um dia virar Nação ou pelo menos (militarmente) Pátria, que demonstra as raízes escravizadoras da humanidade, o branqueamento das relações sociais, a expulsão daqueles que não mais servem às novas ordens tecnológicas desenvolvidas, por aqueles que durante séculos exploraram seus “irmãos” biológicos.
São necessárias (re) formas à sociedade, a nossa sociedade, a nossa realidade, e essas reformas começam conosco, educadoras e educadores, que tem o papel social, de formarem a sociedade, de trazerem a visão de nossos educandos e educanda, a dura realidade da vida, o jogo dos interesses, a luta pela sobrevivência, visando Viver e não sobreviver.
Com isso,
Conclusão
(Re) aprendi, que existem flores no deserto, rosas do deserto, raríssimas. Flores essas que passam anos em forma de semente, mas que ao mínimo sinal de água, desabrocham em lindos botões, cor de areia, que só conseguem ser vistos por aqueles que conhecem profundamente o deserto, suas tempestades, seus tons e, as diferenciam, na imensidão da das partículas de rocha (areia), reverenciando aos Céus sua aparição.
Postado por João Francisco da Costa às 15:06
As relações que se estabelecem nas sociedades e nos grupos aos quais convivemos, mostram que a cada etapa, a cada ano de nossas vidas, pensamos diferentes, entendemos fatos de forma diferente a cada dia. As vezes, aquilo que não concordávamos ou não aceitávamos, acabam por se mostrar de forma muito peculiar e, mudamos nossas reflexões, nossas concepções, nossas forças de pensar e ver os/as outros/as 0Hoje, lidamos com uma lógica diferenciada, com um complexo de conceitos que até poucas décadas, nossos pais e mães seriam capazes de conceber, quanto mais, nossos avós. Vimos, ao longo dos anos de 1950, uma profunda mudanças nas sociedades mundiais e, não seria diferente aqui, no Brasil. Nos anos de 1960, tivemos Woodstock, os Beatlles e o novo pensamento de uma juventude, um credo, uma busca pela paz, pelo amor verdadeiro e pelo direito de ver a vida com outros olhos. Nos anos de 1960, surge o Rock in Roll, temos a figura de Elvis, mudando a concepção da musicalidade, da expressão do corpo, a liberalidade feminina,profundas mudanças nos paradigmas que regiam a fase. No Brasil, a juventude se deparou com a Ditadura Militar, que bateu, violentou, expulsou a juventude, fazendo dela, uma forma peculiar de vida, dominando, destruindo sonhos..... que bom que nem todos se deixaram vencer (Paulo Freire, Fernando Henrique, Jô Soares, Milton Nascimento, Darcy Ribeiro, Gilberto Gil, Caetano Veloso, entre muitos outros)...por exemplo, a cantora, atriz, mãe e mulher, Elza Soares, teve a casa invadida pelo Dops, foi espancada, jogada à rua e fugiu para a Europa, para não ser morta com os filhos. Nos anos de 1970, a juventude se encontra consigo mesmo, surge o grupo ABBA, Bee Gess e outros fenômenos, que serão apresentados, nos “embalos de Sábado à noite’, com John Travolta. A serenidade parece querer reinar entre a população.... um espírito de dinamismo surge. Já nos anos de 1980, a América do Sul e, inclui-se o Brasil, é sacudida com o fim da ditadura, o que proporciona a juventude muitos acessos que eram restritos, há mudanças na concepção da vida, o computador começa a surgir. A visão do mundo jovem se expande, há uma “inocência” nesse primeiro processo de liberdade. Surge o POP, Michael Jackson, U2, Madonna, Ultraje a Rigor, Paralamas, Titãs, Legião Urbana e muitíssimos outros, que cantarão à esperança, ao amor, que criticarão a política, a injustiça social e econômica, mostrarão que as etnias podem se misturar, que o amor é possível e, a juventude desse período adere ao processo. São os anos de glória da juventude do Século xx. Mas, há uma transição: anos de 1990, há um choque de gerações, os novos jovens chegam à década com a perspectiva do futuro. As relações sociais parecem se quebrar: a sexualidade é tema até mesmo das propagandas de televisão, de jornais, o corpo começa a ser valorizado a níveis de morte, o Brasil é tremulado com o Impeachment de Fernando Collor, a juventude sai à rua, cara pintada, mostra seu poder, porém, o dragão das drogas inicia seu processo de grande inclusão em nossa sociedade. Os anos de 1990 trazem novas perspectivas de vida, empregos, estabilização de nossa moeda, incentivo à educação, privatizações, mas os jovens, ficam lá, quietos, em stand by, para o gran finale : os anos 2000........ Os anos de 2000, isto é, esses 09 últimos anos, parece ter sido um século, em aspectos históricos. A introdução em larga escala mundial da internet, o telefone celular, Ipod, Mp3, 4, 5, 120, Cristal Líquido, Google Earth, foram fatores determinantes a mudanças quase que diária, nos paradigmas, nas reflexões, nas concepções sobre a vida e para ela. As relações pessoais cada vez mais distantes, encaminham-se para um individualismo social crescente. Os jovens, perdidos em um mundo, onde os pais também ainda são jovens, veem-se, muitas vezes em uma crise de referência, onde a depressão é a única saída. Os transtornos bipolares, tripolares e etc, cada vez mais estão presentes em nosso cotidiano. A droga, como vilã, chega para acalentar esse processo. Dá à juventude, nem que seja momentâneamente, uma refrigeração à sua alma, que na busca de referências, de limites, na busca de experimentações, entregam-se ao « abraço do Dragão », como os ingleses se referiam ao transe do Ópio, no século XIX. A juventude do século XXI, não pode mais ser vista no singular, ela se caracteriza por sua pluralidade, por suas múltiplas formas e constituições. Juventudes são formas e processos de um juventude que aos poucos perde a referência de seu eu, perde sua identidade e, ao mesmo tempo, recria novas identidades, que para a « normalidade » da sociedade é chocante. Cada vez mais, novos denomições e grupos surgem e demosntram sua potencialidade de permanência. Os Emos trazem a novidade da emotion, da emoção, da busca pela inocência perdida, pelo amor puro, pela música ; os jovens evangélicos tentam manter-se em seus recantos, onde possam tentar levar uma vida « normal » ; Os pais jovens ( 25- 31), muitas vezes com filhos e filhas de 13 ou 14 anos, continuam em seu processo de juventude, inúmeras vezes, com as mesmas visões de seu (re) conhecimento social, tentando em desespero aplicar sua « liberalidade » sobre os filhos e filhas ; ainda, vemos uma erotização geral da juventude, incentivada pela midia, que insiste no processo da inicição sexual cada vez mais cedo, mas que na maior parte das vezes, não publica campnhas contra o avanço do HIV e da Gravidez na adolescência ; ademais, com maior liberdade, cada vez mais cedo, os homossexuais expressão sua orientação, em uma sociedade que sob muitos aspectos, ainda não concebe a questão, onde a homofobia estabelece-se em todos os cantos ; tem-se ainda, a grande preocupação atual : o crack, que chega como a gadanha da própria morte, ceifando o rico, o pobre, o remediado, o jovem, a criança, o idoso e, há poucos dias, o prefeito de um município do Estado de São Paulo. E, para não concluir, pensemos, como e em quais juventudes vivemos hoje ? De que formas conduziremos orientaremos nossos filhos e filhas para que convivam nesse grande grupo, que é o mundo ? Como atuaremos em todas essas e, em muitas outras problemáticas, como a miséria, a fome, as guerras civis, a polícia corrupta ?
Juventude ou Juventudes ? E agora ?
Postado por João Francisco da Costa às 15:05
Depois de algum tempo você percebe a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar a alma,
Você aprende que amar, não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança,
E, começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas;
E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida, e aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de algum tempo, você aprende que o Sol queima se ficar exposto muito tempo, e não importa o quanto você se importe com alguém, porque algumas pessoas simplesmente não se importam com você.
Aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando, e você precisa perdoá-la por isso.
Aprende que falar de vez em quando pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida.
Aprende que as verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias; e o que importa não é o que você tem na vida e sim, quem você tem na vida, e que bons amigos é Deus que os colocou em nossos caminhos;
Aprende que não temos que mudar de amigos, se compreendermos que os amigos mudam e percebe que seu melhor amigo é você, podendo fazer qualquer coisa ou nada e terem bons momentos juntos.
Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida, são tomadas de você muito depressa, por isso devemos deixar as pessoas que gostamos, com palavras amorosas, porque pode ser a última vez em que a vemos.
Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm a influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.
Aprende que não deve se comparar aos outros, mas ao melhor que você pode ser, descobre que leva muito tempo para se tornar a pessoa que se quer ser, e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde ir, siga o caminho de Deus.
Aprende que, ou você controla os seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível, não significa ser fraco, ou não ter personalidade, pois não importa o quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois caminhos e dois lados.
Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências.
Aprende que a paciência requer muita prática e descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cair, é uma das poucas pessoas que o ajuda a levantar-se.
Aprende que a maturidade tem muito mais haver com os tipos de experiência que se teve, e o que você aprendeu com elas, do que quantos aniversários você lembra.
Aprende que há muito mais de seus pais em você do que você supunha que há.
Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se elas acreditassem nisso.
Aprende que quando se está com raiva, você tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel.
Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer ser amado, não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar isso ou viver.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes, tens que perdoar a si mesmo.
Aprende que, com a mesma crueldade com que condenas, você será, em algum momento condenado.
Aprende que não importa em quantos pedaços o seu coração foi partido, pois o mundo não pára para que você o conserte.
Aprende que o tempo é algo que não pode voltar a trás; portanto, plante o seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores, e você aprende que pode suportar e que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe, depois de pensar que não agüenta mais.
E, verdadeiramente, a vida tem valor e que você tem valor diante da vida.
Nossas dádivas são traidoras, e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar.
Se não fosse o medo de tentar.
William Shakespeare
Postado por João Francisco da Costa às 14:59
RESUMO: A discriminação e a exclusão social dos africanos e africanas trazidos ao Brasil, desde 1508, sob a condição de escravos, criou, durante cinco séculos nesse país, uma máscara nacional de “aceitação” da condição dos/das afrodescendentes, como cidadãos, onde disporiam dos mesmos direitos constitucionais, dos demais grupos étnicos existentes aqui. É irreal, que não analisemos o preconceito que ainda é instaurado em nosso cotidiano, quanto a essa questão. O direito à educação, à assistência médica – hospitalar, à socialização e à sociabilidade da raça negra no Brasil, deve ser discutido em escala geral, em todas as bases de nossa sociedade. O presente artigo procura analisar as relações de preconceito e discriminação existentes na sociedade brasileira e, sobretudo, buscar um entendimento sobre a questão junto a grupos relacionados à educação popular.
Palavras Chave: Preconceito – Afrodescendentes – Direito – Educação – Sociedade - Igualdade
RESUMEN: La discriminación y la exclusión social de los africanos y africanas trajeron Brasil, desde 1508, bajo la condición de los esclavos, creó, durante cinco siglos en ese país, una máscara nacional de" aceptación" de la condición del afrodescendente, como ciudadanos que tienen los mismos derechos constitucionales de los otros grupos étnicos existentes aquí. Es irreal, que no analiza el prejuicio que todavía se establece en nuestro diario, con relación a ese asunto. El derecho a la educación, a la asistencia médica - hospitalar, a la estatificación y la sociabilidad de la raza negra en Brasil, debe discutirse balanza, en todas las bases de nuestra sociedad, en general. El artículo presente intenta analizar las relaciones de prejuicio y discriminación establecidas en la sociedad brasileña y, sobre todos, parecer para una comprensión cerca de en los grupos sujetos relacionaron a la educación de la población.
Palabras Codifican: Prejuicio - Afrodescendentes - Derecho - Educación - Sociedad – Igualdad
1. INTRODUÇÃO
Desde o início do século XVI, quando os colonizadores portugueses iniciaram a colonização das terras brasileira, estas foram vistas com um grande potencial agrícola. Como já haviam conquistados reinos na África e construído alguns entrepostos comerciais por lá, sobretudo no Golfo da Guiné (KLEIN, 1987; MAESTRI, 1996), iniciaram o tráfico de africanos, em direção ao Brasil, nas condições mais desumanas possíveis: a escravidão. Juntamente a ela, a perca da dignidade humana, da auto confiança e a escrita de uma nova história: a constituição do preconceito e da discriminação.
2. CARACTERÍSTICAS
Durante três séculos e 80 anos, os africanos e africanas que tornaram-se escravos nesse país (Brasil), sofreram as mais variadas formas de abuso: Torturas, doença da saudade (banzo), humilhação, discriminação e sobretudo, indiferença e aceitação dessas condições por parte dos agentes governamentais.
Azevêdo (1987), menciona o começo da composição da população brasileira: “índios que já habitavam o território, portugueses e negros”. E continua dizendo que: “esta miscigenação ocorreu entre estes três povos durante três séculos, aproximadamente quinze gerações.”
Historicamente, a discriminação e a exploração dos negros no Brasil colônia mostra-se clara, contínua e revoltantemente legitimada tanto pela lei, como pela cultura social, durante muitas décadas após a “Abolição da Escravatura”, em 1888.
Incoerentemente, acreditou-se que os negros trazidos ao Brasil, quando do processo escravatório, não demonstrariam resistências étnicas, culturais e sociais, desde que elementos das tribos trazidas fossem separados. De tal forma, milhares de escravos foram separados de suas famílias, de seus hábitos e costumes, porém, a resistência do negros foi surpreendente. Começando através da fusão com outros negros de tribos diferentes, mantiveram, sua culinária, fundiram-se os idiomas, postularam suas religiões, enfim, conseguiram manter-se “mudos”, todavia ativos.
Segundo Maestri (1984), estimativas levantadas através de documentações, notas, jornais das épocas, acredita-se que entre as décadas de 1530 e 1860, foram trazidos para o Brasil, mais de 4.000.000 de escravos, vindos de várias regiões da África, como por exemplo a Costa da Mina (Guiné), Benguela, Congo, Cabinda e, distribuídos principalmente no litoral da região nordeste, com o intuito de trabalharem no plantio, cultivo e colheita de cana-de-açúcar.
Entretanto, o negro mostrou-se forte, labutou, apanhou, perdeu, morreu, todavia, seu “imo”, sua essência, continuou e mostrou-se inteiramente.
Não resta a menor dúvida que o Brasil é uma das nações do mundo que tem sido profundamente influenciada pela penetração do africano, influência extensa e geral, pois nenhuma região do território brasileiro escapou inteiramente do seu impacto. ( Monti, 1985. p.31)
Com a “abolição da escravidão”, a teórica igualdade jurídica do negro, mais pareceu a própria sentença de morte. A ideologia dos séculos de escravidão trouxe ao homem branco, o sentimento de diferença social, econômica além de dar ao negro, ainda, uma posição de geral submissão.
Com o passar das décadas do século XX, o preconceito foi mascarando-se, abrandando-se, porém, não deixando de existir, mesmo hoje, em várias regiões do Brasil, contudo, expressando-se em maior ou menor graus em todas as classes, todavia hoje, não se observam manifestações ostensivas, até porque estas são passíveis de penalização legal.
Assim, conclui Monti (1985): “No caso específico do Brasil, sabemos que as raízes do preconceito em relação ao mesmo estão no período colonial; e, principalmente após a abolição.”
Sendo a abolição da escravatura um fato recente e feito de forma incorreta, o negro teve sua passagem de escravo a cidadão, sem levarem-se em conta fatores importantes, como o capitalismo emergente que foi uma barreira para a inclusão deste contingente à mão-de-obra assalariada.
Analisa-se o seguinte: Durante o período escravista, os negros recebiam o suficiente para a sua subsistência, já nessa “liberdade” abolutória, essa necessidade não se vê considerada, até mesmo por poder “imaginar” a posse de terras por parte de negros para sua fixação. Sim, pois se receberiam soldo, poderiam comprar. Então, nesse ponto são dados os primeiros passos para a marginalização e desfavorecimento perante à sociedade e padrões, do branco em relação ao negro.
Com a marginalização social, acúmulo de riquezas (por poucos), eleva-se o nível de vida de determinados elementos sociais. Os negros, agora assalariados, não participam da elevação social no mesmo nível dos senhores brancos. Outrossim, o negro sempre buscou um patrimônio, fora o salário tão necessário: O respeito.
A escravidão do período colonial e posterior, serviu antes de mais nada para o fortalecimento dos privilégios em prol da população branca. Para estes, conceber o negro como “cidadão” ou simplesmente “ser humano”, acarretaria na perda de benefícios conseguidos em seu favor, durante séculos.
Durante o século XX, a condição dos afrodescendentes não alterou-se muito.
A medida que os centros urbanos foram expandindo-se, as populações residentes, que não tinham uma renda fixa ou então oscilavam entre e uma classe social (baixa), foram sendo “marginalizadas” às periferias, isso ocorreu tanto no Brasil como na América Latina (KLEIN, 1987)
Essa marginalização deu origem ao que hoje conotamos como favelas, a exemplo, a cidade do Rio de Janeiro.
Em termos gerais, a questão dos direitos dos descendentes de africanos ( e aqui digo negros e negras), sob muitos ângulos, sempre foram negados, no sentido sociocultural, no Brasil.
A inclusão desse grupo no mercado de trabalho formal, posso afirmar, é muito recente, datando de aproximadamente 20 a 30, claro, inclusão notória, isto é, podemos ver pessoas de pele negra trabalhando nos mais variados ramos da sociedade, porém, hoje em condições mais dignas.
A busca por uma participação maior dos afrodescendentes no cotidiano atual, faz surgir núcleos e órgãos não governamentais e de cunho governamental, que possam visualizar as questões relacionadas ao preconceito e à discriminação.
Hoje, vivemos em uma época de tribulação social, onde as hipocrisias instauradas parecem querer quebrarem-se.
A realidade como um todo, e principalmente, aquela da percepção, faz-nos refletir sobre a iminência de tomadas de atitudes, de gritos, de alertas, que façam a sociedade acordar.
A educação, em seu papel primordial, tem o dever de cobrar-se quanto a essa questão, quanto a seu papel na inclusão de temas como o do preconceito e da discriminação, e aí, sem falar na questão do gênero, da deficiência e da solidariedade social.
Em vivência como professor da rede pública Estadual, no Rio Grande do Sul, analiso diariamente as relações que se estabelecem quanto à exclusão: o fato de essa ou esse ser negro, ou homossexual ou deficiente; o desistir da prática educacional, devido ao início do trabalho, quando ainda estão em idade escolar; o sentir-se “diferente”, pois minha pele é mais escura; o “eu não sou negro, sou mulato”; enfim, um arcabouço de explicações e diálogos estabelecidos, que levam à reflexão de qualquer observador mais atento.
Ora, se as raízes do preconceito e da discriminação estão na época colonial, e não que não estejamos vivendo uma época colonial atualmente, devemos desprender-nos, buscar formas e tentativas de quebrar essa rocha “metamórfica”, que horas muda sua composição conforme a “pressão interna dos agentes”.
É necessário, que nós, educadores e educadoras, tenhamos um papel ativo e real nessa luta, nessa busca por uma melhor sociedade, igualitária de fato, verdadeira de fato. A composição étnica brasileira hoje, não pode esconder a porcentagem afrodescendente de sua população absoluta
3. CONCLUSÃO
É fato, que o preconceito e a discriminação aos negros e negras, hoje no Brasil, faz parte de nosso cotidiano. A história mostra as relações de exclusão que essa raça e seus descendentes sofreram e sofrem ainda hoje, na atual sociedade em que vivemos.
As brincadeiras, as piadas, os instrumentos de manutenção do (pré) conceito racial e social, atende as bases de políticas (pré) estabelecidas em nossa história.
O peso do cunho psicológico de marginalização e do negro e negra marginais, demonstram que vivemos ambiguamente: De um lado, se não fosse a força do trabalho escravos e de suas populações, o Brasil teria padecido muito cedo; de outro, o não reconhecimento pela identidade sócio-econômica-cultural dos afrodescendentes, de uma forma digna.
A legislação brasileira, hoje contempla a igualdade de cor, raça e culto, porém, ainda, na concepção de muitos, os afro-brasileiros e atrevo-me, os brasileiro ricos em melanina ( para usar um termo mais discriminatório ainda), são uma raça secundária, desfavorecida, desprovida.
Essa realidade necessita mudar, necessita alterar-se, desconstruir-se, pois caso não ocorra, padeceremos por mais cinco séculos, sob a égide de uma “pátria” onde “todos os homens são iguais”. biologicamente?
4. BIBLIOGRAFIA
AZEVÊDO, Eliane. Raça: Conceito e Preconceito. São Paulo: Ática, 1987.
KLEN, Herbert S. Escravidão Africana – América Latina e Caribe, São Paulo: Brasiliense, 1987
MAESTRI F.º, Mário José (Org). Nós, os afro-gaúchos. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS. 1996
MAESTRI F.º, Mário José. O escravo gaúcho: Resistência e trabalho. São Paulo: Brasiliense, 1984
MONTI, V. A M. O Abolucionismo: Sua hora decisiva no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Martini, 1985.
Postado por João Francisco da Costa às 14:53
A PRÁTICA EM SALA DE AULA: GEOGRAFIA, UMA CIÊNCIA POSSÍVEL.....
RESUMO: Analisar, repensar e (re) construir novas formas de interpretação social, econômica e cultural sobre o movimento diário da sala de aula permite que estejamos inseridos dentro do processo educacional que, cada vez mais, se move, em ritmo acelerado, para um abismo desconhecido. Nossa busca está em fazer com que a educação no Brasil atual trilhe caminhos diferenciados daqueles que percorreu até nossos dias. A falta de acesso, as variadas culturas que se estabelecem, sobretudo, após o advento da mundialização econômica, baseada na Internet e na informática, mostra seu poder, na desatenção, na falta de recursos econômicos das famílias dos educandos e educandas, na maior liberdade de expressão, que tornou-se, em muitos casos libertinagem, o fácil acesso às drogas, a prostituição, à perca de elementos morais (no amplo sentido da palavra), faz refletir-se sobre novas formas de trabalho em sala de aula. A isto, busca-se o auxílio da ciência do Espaço, a Geografia, para que de alguma sorte, possa-se elaborar alternativas de compreensão e reflexão sobre nossas práticas docentes.
PALAVRAS-CHAVES: Educação – Sociedade – Geografia – Sala de Aula.
RESUMÈ : Analyser, pour repenser e (au sujet de) pour construire de nouvelles formes avec de l'interprétation sociale, économique et culturelle sur le mouvement quotidien de la salle de classe admet que laissez-nous soit inséré à l'intérieur de du processus éducatif qui, chaque fois que plus, si des mouvements, dans le rythme accéléré, pour un abîme inconnu. Notre recherche est en faisant avec celle l'éducation des manières différenciées par bandes de roulement courantes du Brésil de cela couvert jusqu'à nos jours. Le manque d'accès, les cultures diverses aux lesquelles si établissez, au-dessus de tous, après l'arrivée du mundialização économique, basée dans l'Internet et l'informatique, les expositions sa puissance, dans l'inattention, le manque de ressources économiques des familles des educandos et les educandas, dans la plus grande liberté d'expression, qui est devenue, dans beaucoup de cas le libertinism, l'accès facile aux drogues, prostitution, perd des éléments moraux (dans la direction suffisante du mot), fait pour refléter si sur de nouvelles formes de travail dans la salle de classe. À ceci, l'aide de la science de l'espace, searchs de géographie, de sorte que de chance, peut être alternative élaborée d'arrangement et de réflexion sur le nôtre les professeurs pratiques.
CLEF – MOTS: Éducation - Société - Géographie - Salle de classe
A Geografia, por tantas vezes esquecidas ou simplesmente abominada, mostra hoje razões de possibilidades variadas dentro das salas de aula.
Como em uma citação de Yves Lacoste: “ A Geografia serve antes de mais nada para fazer a Guerra”, foi utilizada muitas vezes com essa intenção, sobretudo, durante a ditadura militar que aplacou o Brasil por duas décadas. Todavia, a ciência massante do Decorar, reaparece como uma forma de compreensão dos espaços habitados ou não.
Desde sua formação como ciência institucionalizada, ainda no século XIX, com Friederich Ratzel, a Geografia demonstra poder àqueles e àquelas que dela desfrutam, sim, poder, conceito máximo de território tão amplamente analisado por nós, Geógrafos e professores de Geografia.
Pensemos, decoremos, relutemos. A ciência do espaço tem potencial infinito dentro do contexto mundial atual. É ela, aquela que resenha a compreensão e designação dos espaços, dos seres, das pessoas, animais, vegetais, minerais, religiões, endemias, epidemias, medicina, culinária, cultura, enfim, a infinidade de atitudes que se estabeleçam dentro de qualquer espaço e fora dele, pois mesmo fora, há um espaço a ser analisado!
As variáveis da Nova Geografia trazem consigo a possibilidade de interprestação de fatos nunca antes imaginados e / ou negados por ela mesma, ou seja, por aqueles e aquelas que a compreendiam e tentavam doutrina-la em direções diversas, que não fossem àquelas de demonstração de análise e compreensão, pelo menos não para a grande massa.
A docência, inúmeras vezes, faz-nos refletir sobre aquilo que aprendemos e utilizamos. O estar em sala de aula, em lidar, ensinar e aprender com as educandas e educandos, nos trás a possibilidade de refletirmos sobre as teorias dessa ciência, tão amplamente analisadas na academia, mas que para nada servem se não aplicadas às questões solicitadas.
Compreender os espaços naturais, construídos, preservados, conservados são partes fundamentais da intenção máxima dessa ciência. Porém, buscar a compreensão e interpretação das relações que se estabelecem dentro desses perímetros são necessários e, quem sabe, vitais à preservação do olhar geográfico sobre o mundo e, principalmente, sobre nós mesmos e nossas convicções.
As relações culturais estabelecidas entre os variados povos, as imigrações, as emigração, as migrações fazem com que as culturais diversas acabem por estabelecerem em outros pontos que não aqueles aos quais surgiram, muitas vezes buscando formas de sobrevivência aos mesmos, sofrendo adaptações locais motivados quem sabe, pelos aspectos naturais, sociais ou econômicos daqueles que propagam sua própria cultura.
Interligar a Geografia às demais ciências é um fator de expressão cognitiva daquele e daquela que se utiliza dela. Conseguir, em seu íntimo buscar a reflexão, com o intuito pré definido da ação sobre a mesma, no sentido de (co) ligar as ciências variadas é um desafio que educadores e educadoras atuais tem que perpassar e, além disso, conquistar em sua construção de conhecimento, lembrando sempre, que o processo não destinasse somente aos educandos e educandas, mas também a nós.
Demonstrar em sala de aula essa relação é a própria força de ação tão sonhada por muitos teóricos que acreditaram e crêem em uma nova educação para todos e todas, em uma educação que possibilite não somente o já construído, mas que seja construído em um cotidiano, em uma nova perspectiva, em um dia-a-dia.
Entender que a Biologia é tão Geográfica quanto a Medicina, nos remete a conceber as relações expressas entre elas. Compreender as funções dos seres microscópicos agindo na decomposição das folhas e caules das árvores, por exemplo, nos remete a pensar na biomassa que possibilita a manutenção das florestas, que formam os Biomas naturais, sem os quais nossa sobrevivência neste planeta não seria possível, ou ainda, analisar a expansão espacial de uma epidemia, buscando formas de controle, entendendo a dinâmica da natureza no controle das pragas naturais, que também têm sua função, auxiliando a Medicina em seus campos de estudo, são formas de prestar serviços não só às teorias, mas ao planeta.
É, hoje, necessário também, buscarmos formas de representação significativa dessa ciência nas salas de aula. Para tanto, devemos nos conscientizar da importância da mesma para os educandos e educandas, não somente no sentido de transmitirmos conhecimentos básico como localização, orientação, funções de desenvolvimento da vida no planeta, ou ainda, análise e interpretação de mapas. Necessitamos (re) buscar as alternativas possíveis de utilização da Geografia, precisamos elevar nossos pensamentos ao sentido de proporcionar àqueles e àquelas aos quais nos escutam e falam conosco todos os dias, formas de interpretar e compreender os espaços mundiais, as formas como as representações e simbologias criadas têm papel importante na sociedade em que nos inserimos.
Necessitamos saber compreender e refletir a prática docente sob uma forma desfragmentada, buscando em campos diversas explicações para um mesmo fato e fenômeno.
Em vivência podemos abordar o sentido da sacralidade dos lugares, do profano, do impenetrável, das premissas que os grupos, guetos, clãs criam para si, para suas vivências e sobrevivências em um espaço desigual e amoral como o nosso. Precisamos conceber e fazer, através da reflexão, com que educandos e educandas construam um espaço reflexivo em seu conhecimento a respeito da percepção, do conteúdo enigmático pichado nos muros, nas paredes, no que simboliza a esquina, a parada de ônibus, as relações estabelecidas pela conversa no canto da rua, nas horas de lazer, nos passeios que não ocorrem devido a falta de recursos financeiros, no que o pastor disse, na cruz que vi na Igreja, no despacho da encruzilhada.
Devemos levar em consideração a vida de cada educando, as possibilidades de cada educanda dentro de seu próprio mundo, dentro das dificuldades de não ter rede de água e esgotos, de ter o “gato” na luz, na rua que não tem pavimentação.
Utilizar a ciência Geográfica possibilita entender as várias mutilações que nossa juventude sofre, no baile funk, na rua que passa na frente de casa, na loja do shopping em que entrou, mas foi mal atendido por ser negro ou negra ou pobre ou estar mal vestido, buscar formas da diminuição do falso jogo de uma sociedade sem discriminação, sem preconceitos.
Além disso, buscamos na Geografia, a explicação do fenômeno social dos meninos e meninas de rua, as (im) possibilidades que tiveram de não estarem naquele momento freqüentando à escola, de estar ocupando um espaço no sinal, travando com os motoristas um espaço de relações sentimentais (que ocupam espaço em nossas mentes e corações – sendo então, geográficas), de asco até compaixão, passando pelo medo do assalto, ao qual o motorista contraiu como um trauma social, que ocupou lugar no seu bolso, quando instalou um moderno sistema tecnológico de segurança em sua casa (dizendo-se de passagem, sistema esse, construído em um Tigre Asiático, que através da exploração do trabalho de homens, mulheres e crianças, se constituíram em pretensas potências econômicas).
Assim, o espaço também é ocupado pelas mulheres, solteiras, casadas, enroladas, viúvas, tico-tico-no-fubá (para usar termos depreciativos), que carregam consigo o fardo do preconceito, da discriminação patriarcosocial (para falarmos dos homens) instituída pelo mundo afora e, firmada pelas variadas religiões de cunho patriarcal, como a católica ou a islâmica, que durante séculos reduziram e reduzem as mulheres a simples instrumentos de manutenção das satisfações masculinas (analisando todos os parâmetros das satisfações...). O espaço ocupado por elas é maior do que o ocupado pelos homens, tanto no sentido material do espaço, como no psicológico, pois nós ocupamos espaços em seus ventres durante nove meses, sem ao menos, muitas vezes, dizer obrigado. Espaço construído de duras penas, de duras fogueiras, que fazem e demonstram seus reflexos hoje, com uma nova imagem feminina, liberta, audaz, felina, uma Lilith, tão escondida de nossos olhos, que nos assustamos, quando elas ocupam os espaços trivialmente destinados aos “machos”, demonstrando uma nova percepção de sociedade, de rivalidade garantida entre os gêneros. Hoje, a Geografia analisa na parte ocidental do planeta, as pré – e relações – estabelecidas pelas mulheres do futuro, que ocupam seu espaço, que ocupam as salas de aulas, dos Ensinos Fundamental, Médio, Superior, que buscam demonstrar seu poder de resistência, porém, a ciência do espaço também tem a função de analisar o Oriente e a Mulher, criando a Geografia da Mulher, a Geografia da Opressão, por uma vida melhor, por uma Geografia da Dignidade Feminina, dentro de seu espaço, dentro de suas vontades, não enquadrando fatos como vistos em muitos países africanos e islâmicos, onde o espaço ocupado pela mulher é, muitas vezes, terciário e não secundário. O gênero feminino necessita e nós, educadores e educadoras, precisamos demonstrar, de uma nova abordagem. Devemos sim, explicar, falar e mostrar as taxas, os índices, mas também devemos e temos a responsabilidade de fazer as educandas refletirem sobre seu poder, sobre sua força social e sentimental e, devemos além de tudo, demonstrar aos educandos, a necessidade de respeitabilidade mútua, de conscientização de gênero, fazendo-os refletirem sobre o espaço da percepção da mulher.
Em gênero, analisemos ainda, o homossexualismo, não de forma patológica ou menos ainda depreciativa. Negar, em nossas salas de aula, nossas análises sobre o educando que é “diferente” dos demais, ou da educanda que tem “hábitos estranhos”, é negar que não enxergamos as letras que estamos lendo agora. Pensar na diversidade sexual, na orientação ou no gênero é análise geográfica obrigatória nesse momento, seja pela maior liberdade de expressão ou seja pela percepção dos espaços, ou pelas relações de discriminação que existem entre os próprios educandos e educandas. Generalizar o fato como um “isso acontece” ou “em que família não tem”, não faz parte do sentido da Geografia, partindo-se do pré suposto da análise da vivência, do dia-a-dia, das formas variadas de culturas criadas pelos diversos grupos, chamados modernamente de “minorias”, mas que demonstram hoje, uma maioria em muitos locais, ,lugares , territórios, paisagens, centros entre outras categorias dessa ciência. Incentivar a (co) ligação, o não preconceito, a concepção de bem viver, dentro daquilo que entendemos como sociabilidade é objeto de estudo e perspicácia da Geografia, pois sem elas, a própria ciência não teria lógica.
A sala de aula, então, não é somente um lugar de relações de conteúdo, matéria e prova é sim, um espaço geográfico constituído de relações e possíveis novas relações estimuladas, constituídas e construídas pelo grupo que o freqüenta, que o habita, que o desmembra e o (re) constrói. Além dos cadernos e gizes, a posição dos educadores, das educadoras, educandos e educandas deve ser repensada, discutida, analisada: (re) feita.
Buscamos formas de trazer à realidade escolar um novo entendimento, baseado, sobretudo, nesta ciência que nos mostra e possibilita reflexões variadas e distintas sobre um mesmo fenômeno, que nos trás dá possibilidades de ter com nossos educandos e educandas bate-papos, conversas, que (des) cristalize a visão de um lugar conservador, construído a séculos de mesma forma e hábitos., que traga novas visões de mundo, em larga escala (macro) e em pequena escala (micro) – esta escala também pode ser geográfica, viu! - , e também, que possa demonstrar a todos e todas, uma nova abordagem da Geografia, uma ciência de pensamento, de análise, de reflexões, que não se baseia em modelos e moldes pré estruturados, que pode ser destruída e reconstruída simplesmente com um olhar sobre um mapa, ou sobre a notinha do sacolão, que não foi entregue ao freguês. Temos, em Geografia, uma fonte de expectativas possíveis de re (estabelecer) laços desfeitos há muito, de trazermos uma possível análise através de nossa percepção, de nossa vivência, de nossa compaixão, de nossa fé, religiosidade, pretensão, lutas, guerras, vitórias, todas elas enfocadas dentro de nosso dia-a-dia.
PARA CONCLUIR,
A SALA DE AULA E UM OLHAR
Quando em sala de aula, inúmeras vezes, acabamos por desenvolver um mecanicismo natural naquilo que trata dos temas a serem abordados. Por mais inovadores que sejamos, por vezes, acabamos repetido os mesmo disparates outrora cometido, por nossos próprios educadores e educadoras.
Pensar que tudo é difícil ou que se tornou difícil devido à realidade a qual vivemos, ou então julgar que os educandos e educandas “não querem nada com nada” são umas de nossas primeiras fugas para aquilo que é maior e que está em nós inseridos: a mágoa por trabalharmos em severas condições físicas proporcionadas pelo descaso governamental em detrimento da educação brasileira, os baixos salários, os (des) gostos familiares, a pesada batalha para pagar as contas, além é claro, da competição que temos em relação à Televisão e à Internet, que muitas vezes parece-nos injusta, sobretudo, pelo fato de que aqueles e aquelas que TEM acesso à esses meios, mostram conhecimento de áreas que nossas academias não nos proporcionaram, ou o fato de nós mesmos e mesmas ter nos acomodado, nos estabilizado, nos alienado, após o findar de nossos cursos de graduação, faz-nos refletir que estamos desatualizados frente a esses processos. Em contrapartida, para aqueles e aquelas que NÃO TEM acesso à Internet, a realidade se promulga de formas distintas, desde a conversa em demasia em sala de aula, pois comentam a novela que assistem cotidianamente e, que esta quebra todos os parâmetros de respeitabilidade escolar, até aquele educando ou educanda que por mais que os educadores e educadoras expliquem, demonstrar, incentive, não aprende, devido, principalmente, à falta de vitaminas e o déficit alimentar que trás em seu corpo.
Assim, os caminhos que percorremos são reais, atuais, antigos, modernos e futuros. São esperanças, que por horas se perdem, se destituem em nossas mentes e pensamentos.
Busquemos e refaçamos nossas concepções, nossos olhares, nossas atitudes e pedagogias em nossas salas. Devemos e temos a missão de ser psicólogos, médicos, enfermeiros, matemáticos, geógrafos, historiadores, biólogos, químicos, físicos, carpinteiros, garis, carregadores e cortadores de madeira, dentro de uma só profissão: A VIDA.
Através da Geografia, das possibilidades que ela apresenta poderemos buscar alternativas que superem as dificuldades enfrentadas por nós, educadores e educadoras, e quiçá, consigamos visualizar e tentar fazer que nossos educandos e educandas reconheçam e repensem sua prática cotidiana de viver, de lutar e alcançar diferentes parâmetros dentro de nossas sociedade, que se mostra cada vez mais diferente.