Aspectos da Formação da Sociologia João F. da Costa

A história da formação da Sociologia como ciência, percorreu caminhos diversos, como a maioria das ciências conhecidas.

Auguste Comte (1798-1857): Batizou a Sociologia como tal, pois até aqui, era concebida como filosofia social, embasada nas leis do Positivismo e do Organicismo.
Èmile Durkheim (1858-1917):Embora Comte seja considerado o pai as sociologia, é Durkheim quem é apontado como um de seus primeiros grandes teóricos. Esse autor definiu, em 1895, o objeto de estudo da sociologia – Os fatos Sociais: Coerção, Fatos são exteriores aos indivíduos, Generalidade (é social, todo o fato que é geral).
Neutralidade da pesquisa.
“Consciência Coletiva – Conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à medida dos membros de uma mesma sociedade, que forma um sistema determinado com vida própria.”  Fatos são exteriores e independem do pensamento dos indivíduos.
Max Weber (1864-1920): Para Weber a pesquisa histórica é essencial para a compreensão das sociedades. Combinação de duas perspectivas: a Histórica, respeitando as particularidades de cada sociedade; e a sociológica, que ressalta os elementos mais gerais de cada fase do processo histórico. Objeto de estudo para Weber, é a ação social, a conduta humana dotada de sentido, isto é, de uma justificativa subjetivamente elaborada, assim, nessa teoria, o homem passa a ter significado e especificidade. O cientista deve descobrir possíveis sentidos nas ações humanas presentes na realidade social que lhe interesse estudar. Existe porém diferença entre Ação e Relação Social.. Para a teoria weberiana, os acontecimentos que integram o social têm origem nos indivíduos.
Karl Marx (1818-1883): Karl Marx tinha a intenção de contribuir para o desenvolvimento da ciência, e além disso, propor uma ampla transformação política, econômica e social. Marx, avaliou, analisou e fez leituras críticas a inúmeros autores contemporâneos e mais antigos, como por exemplo, Hegel, Adam Smith e David Ricardo. Construiu os conceitos de alienação, classes sociais, valor, mercadoria, trabalho, mais valia, modo de produção.
Alienação: Diz, que a industrialização, a propriedade privada e o assalariamento separariam os trabalhadores dos meios de produção – ferramentas, máquinas, matérias-primas e terra -, que se tornaram propriedade privada do capitalista. Alienava, também, o trabalhador do fruto de seu trabalho, que também é apropriado pelo capitalista. Assim, se dá, para Marx, a base da alienação econômica do homem sob o capital, sendo aquele alienado, separado, mutilado, só poderia recuperar sua condição humana pela crítica radical ao sistema econômico, à política e à filosofia que o excluíram da participação efetiva na vida social. E essa crítica só se faz na práxis, que é a ação política consciente e transformadora.
Classes Sociais: Para Marx, as desigualdades sociais seriam provocadas pelas relações de produção do sistema capitalista, que dividem os homens em proprietários e não-proprietários dos meios de produção. As desigualdades são a base para as classes sociais.
Salário: O operário, seria aquele que nada possuindo, é obrigado a sobreviver da venda de sua força de trabalho. No capitalismo, a força de trabalho se torna uma mercadoria, a qual pode se comprar e vender.

Bibliografias:
COSTA, Cristina. Sociologia: Introdução à Ciência da Sociedade. São Paulo : Ed. Moderna, 2002

DALLARI, Dalmo de Abreu. O que é participação política. 5.ª Edição. Ed. Brasiliense: São Paulo. 1984

MOURA, Gerson. Tio Sam chega ao Brasil. 4.ª Edição. Ed. Brasiliense: São Paulo. 1988

AMIGOS NA FESTA.... Tudo de Bom





População por João Francisco da Costa

Os indícios mais antigos dos agrupamentos humanos como sociedade surgem, a priori, na África e, posteriormente, no Oriente Médio, onde, Jericó é considerada a cidade (agrupamento) mais antigo da História.
Após isso, notamos o início do processo civilizatório nas regiões do Egito, Índia, China e Mesopotâmia, onde esse deu-se, sobretudo, pela utilização da água, formando assim, o que chamamos de Modo de Produção Hidráulico.
Esses agrupamentos, por vezes, não eram estáveis, isto é, não permaneciam em um mesmo lugar, buscando evidentemente, a ampliação de seus espaços (territórios ).

As Migrações sempre ocorreram ao longo da História da humanidade. A ocupação de outros espaços que não os de origem caracterizaram o processo de evolução cultural, econômica, lingüística e religiosa de muitos e muitos povos.

Para melhor compreensão e orientação geográfica, as migrações são divididas em vertentes que demonstram a composição do povo ou dos povos, assim como, de regiões mundiais ou até mesmo locais.

• Imigrações: É a entrada de pessoas em uma determinada região para habitação, trabalho ou fixação; Exemplo: a Chegada de italianos a partir de 1865, no Rio Grande do Sul. São chamados então, imigrantes, pois fixaram-se nas terras do Rio Grande do Sul;

• Emigração: É a saída de pessoas de uma região para outra com qualquer finalidade, podendo estar mudando-se para formação de novos núcleos de habitação, povoamento ou cidades. Exemplo: Quando os alemães saíram da Alemanha em 1824 para locomoverem-se ao Brasil. Neste sentido, os alemães EMIGRARAM (saíram) de seu lugar de origem.

• Êxodo Rural: Ocorre quando há saída de pessoas das regiões rurais (campo) em direção das cidades com a finalidade de fixação, busca de trabalho e etc.

• migração Sazonal: Ocorre quando há saídas de pessoas de uma região por motivo de trabalho. Essas pessoas trabalham por um tempo ( 3- 6 meses) em outra região e depois retornam a sua cidade. Exemplo: Colhedores de cana-de-açúcar.

• migração Pendular: Refere-se diretamente ao trabalho. Ocorre quando uma pessoa mora em uma cidade e trabalha em outra, retornando no final do dia a sua origem.


Referências

COSTA, J. F. da. Geografia da Pobreza. Trabalho apresentado à disciplina de Geografia da População. UNILASALLE, 2002.
MORAES, Antônio C. R. Geografia: Pequena história crítica. 15º edição São Paulo: Hucitec, 1997.

Varal Solidário - Integração entre os núcleos Ministro e David do PRO JOVEM URBANO - Fevereiro de 2010

O varal solidário surgiu como uma proposta de integração entre os núcleos da Escola David Canabarro e Ministro Ludwig, no município de Canoas.
Recebemos doações de roupas, providenciou-se uma janta especial e, a intenção máxima do projeto foi alcançada.
Os educandos e educandas de ambos núcleos divertiram-se muito, jogando, confraternaizando e participando da proposta. Parabéns Educadores e Educadoras pelo empenho.






Juventude ou juventudes?

Para (não) concluir
As relações que se estabelecem nas sociedades e nos grupos aos quais convivemos, mostram que a cada etapa, a cada ano de nossas vidas, pensamos diferentes, entendemos fatos de forma diferente a cada dia. As vezes, aquilo que não concordávamos ou não aceitávamos, acabam por se mostrar de forma muito peculiar e, mudamos nossas reflexões, nossas concepções, nossas forças de pensar e ver os/as outros/as 0Hoje, lidamos com uma lógica diferenciada, com um complexo de conceitos que até poucas décadas, nossos pais e mães seriam capazes de conceber, quanto mais, nossos avós. Vimos, ao longo dos anos de 1950, uma profunda mudanças nas sociedades mundiais e, não seria diferente aqui, no Brasil. Nos anos de 1960, tivemos Woodstock, os Beatlles e o novo pensamento de uma juventude, um credo, uma busca pela paz, pelo amor verdadeiro e pelo direito de ver a vida com outros olhos. Nos anos de 1960, surge o Rock in Roll, temos a figura de Elvis, mudando a concepção da musicalidade, da expressão do corpo, a liberalidade feminina,profundas mudanças nos paradigmas que regiam a fase. No Brasil, a juventude se deparou com a Ditadura Militar, que bateu, violentou, expulsou a juventude, fazendo dela, uma forma peculiar de vida, dominando, destruindo sonhos..... que bom que nem todos se deixaram vencer (Paulo Freire, Fernando Henrique, Jô Soares, Milton Nascimento, Darcy Ribeiro, Gilberto Gil, Caetano Veloso, entre muitos outros)...por exemplo, a cantora, atriz, mãe e mulher, Elza Soares, teve a casa invadida pelo Dops, foi espancada, jogada à rua e fugiu para a Europa, para não ser morta com os filhos. Nos anos de 1970, a juventude se encontra consigo mesmo, surge o grupo ABBA, Bee Gess e outros fenômenos, que serão apresentados, nos “embalos de Sábado à noite’, com John Travolta. A serenidade parece querer reinar entre a população.... um espírito de dinamismo surge. Já nos anos de 1980, a América do Sul e, inclui-se o Brasil, é sacudida com o fim da ditadura, o que proporciona a juventude muitos acessos que eram restritos, há mudanças na concepção da vida, o computador começa a surgir. A visão do mundo jovem se expande, há uma “inocência” nesse primeiro processo de liberdade. Surge o POP, Michael Jackson, U2, Madonna, Ultraje a Rigor, Paralamas, Titãs, Legião Urbana e muitíssimos outros, que cantarão à esperança, ao amor, que criticarão a política, a injustiça social e econômica, mostrarão que as etnias podem se misturar, que o amor é possível e, a juventude desse período adere ao processo. São os anos de glória da juventude do Século xx. Mas, há uma transição: anos de 1990, há um choque de gerações, os novos jovens chegam à década com a perspectiva do futuro. As relações sociais parecem se quebrar: a sexualidade é tema até mesmo das propagandas de televisão, de jornais, o corpo começa a ser valorizado a níveis de morte, o Brasil é tremulado com o Impeachment de Fernando Collor, a juventude sai à rua, cara pintada, mostra seu poder, porém, o dragão das drogas inicia seu processo de grande inclusão em nossa sociedade. Os anos de 1990 trazem novas perspectivas de vida, empregos, estabilização de nossa moeda, incentivo à educação, privatizações, mas os jovens, ficam lá, quietos, em stand by, para o gran finale : os anos 2000........ Os anos de 2000, isto é, esses 09 últimos anos, parece ter sido um século, em aspectos históricos. A introdução em larga escala mundial da internet, o telefone celular, Ipod, Mp3, 4, 5, 120, Cristal Líquido, Google Earth, foram fatores determinantes a mudanças quase que diária, nos paradigmas, nas reflexões, nas concepções sobre a vida e para ela. As relações pessoais cada vez mais distantes, encaminham-se para um individualismo social crescente. Os jovens, perdidos em um mundo, onde os pais também ainda são jovens, veem-se, muitas vezes em uma crise de referência, onde a depressão é a única saída. Os transtornos bipolares, tripolares e etc, cada vez mais estão presentes em nosso cotidiano. A droga, como vilã, chega para acalentar esse processo. Dá à juventude, nem que seja momentâneamente, uma refrigeração à sua alma, que na busca de referências, de limites, na busca de experimentações, entregam-se ao « abraço do Dragão », como os ingleses se referiam ao transe do Ópio, no século XIX. A juventude do século XXI, não pode mais ser vista no singular, ela se caracteriza por sua pluralidade, por suas múltiplas formas e constituições. Juventudes são formas e processos de um juventude que aos poucos perde a referência de seu eu, perde sua identidade e, ao mesmo tempo, recria novas identidades, que para a « normalidade » da sociedade é chocante. Cada vez mais, novos denomições e grupos surgem e demosntram sua potencialidade de permanência. Os Emos trazem a novidade da emotion, da emoção, da busca pela inocência perdida, pelo amor puro, pela música ; os jovens evangélicos tentam manter-se em seus recantos, onde possam tentar levar uma vida « normal » ; Os pais jovens ( 25- 31), muitas vezes com filhos e filhas de 13 ou 14 anos, continuam em seu processo de juventude, inúmeras vezes, com as mesmas visões de seu (re) conhecimento social, tentando em desespero aplicar sua « liberalidade » sobre os filhos e filhas ; ainda, vemos uma erotização geral da juventude, incentivada pela midia, que insiste no processo da inicição sexual cada vez mais cedo, mas que na maior parte das vezes, não publica campnhas contra o avanço do HIV e da Gravidez na adolescência ; ademais, com maior liberdade, cada vez mais cedo, os homossexuais expressão sua orientação, em uma sociedade que sob muitos aspectos, ainda não concebe a questão, onde a homofobia estabelece-se em todos os cantos ; tem-se ainda, a grande preocupação atual : o crack, que chega como a gadanha da própria morte, ceifando o rico, o pobre, o remediado, o jovem, a criança, o idoso e, há poucos dias, o prefeito de um município do Estado de São Paulo. E, para não concluir, pensemos, como e em quais juventudes vivemos hoje ? De que formas conduziremos orientaremos nossos filhos e filhas para que convivam nesse grande grupo, que é o mundo ? Como atuaremos em todas essas e, em muitas outras problemáticas, como a miséria, a fome, as guerras civis, a polícia corrupta ?
Juventude ou Juventudes ? E agora ?

Segredos de Felicidade por William Shakespeare

Segredos de Felicidade

Depois de algum tempo você percebe a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar a alma,
Você aprende que amar, não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança,
E, começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas;
E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida, e aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de algum tempo, você aprende que o Sol queima se ficar exposto muito tempo, e não importa o quanto você se importe com alguém, porque algumas pessoas simplesmente não se importam com você.
Aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando, e você precisa perdoá-la por isso.
Aprende que falar de vez em quando pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida.
Aprende que as verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias; e o que importa não é o que você tem na vida e sim, quem você tem na vida, e que bons amigos é Deus que os colocou em nossos caminhos;
Aprende que não temos que mudar de amigos, se compreendermos que os amigos mudam e percebe que seu melhor amigo é você, podendo fazer qualquer coisa ou nada e terem bons momentos juntos.
Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida, são tomadas de você muito depressa, por isso devemos deixar as pessoas que gostamos, com palavras amorosas, porque pode ser a última vez em que a vemos.
Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm a influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.
Aprende que não deve se comparar aos outros, mas ao melhor que você pode ser, descobre que leva muito tempo para se tornar a pessoa que se quer ser, e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde ir, siga o caminho de Deus.
Aprende que, ou você controla os seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível, não significa ser fraco, ou não ter personalidade, pois não importa o quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois caminhos e dois lados.
Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências.
Aprende que a paciência requer muita prática e descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cair, é uma das poucas pessoas que o ajuda a levantar-se.
Aprende que a maturidade tem muito mais haver com os tipos de experiência que se teve, e o que você aprendeu com elas, do que quantos aniversários você lembra.
Aprende que há muito mais de seus pais em você do que você supunha que há.
Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se elas acreditassem nisso.
Aprende que quando se está com raiva, você tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel.
Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer ser amado, não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar isso ou viver.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes, tens que perdoar a si mesmo.
Aprende que, com a mesma crueldade com que condenas, você será, em algum momento condenado.
Aprende que não importa em quantos pedaços o seu coração foi partido, pois o mundo não pára para que você o conserte.
Aprende que o tempo é algo que não pode voltar a trás; portanto, plante o seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores, e você aprende que pode suportar e que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe, depois de pensar que não agüenta mais.
E, verdadeiramente, a vida tem valor e que você tem valor diante da vida.
Nossas dádivas são traidoras, e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar.

Se não fosse o medo de tentar.

Por que a Geografia?

A Geografia, por tantas vezes esquecidas ou simplesmente abominada, mostra hoje razões de possibilidades variadas dentro das salas de aula.
Como em uma citação de Yves Lacoste: “ A Geografia serve antes de mais nada para fazer a Guerra”, foi utilizada muitas vezes com essa intenção, sobretudo, durante a ditadura militar que aplacou o Brasil por duas décadas. Todavia, a ciência maçante do Decorar, reaparece como uma forma de compreensão dos espaços habitados ou não.
Desde sua formação como ciência institucionalizada, ainda no século XIX, com Friederich Ratzel, a Geografia demonstra poder àqueles e àquelas que dela desfrutam, sim, poder, conceito máximo de território tão amplamente analisado por nós, Geógrafos e professores de Geografia. Pensemos, decoremos, relutemos. A ciência do espaço tem potencial infinito dentro do contexto mundial atual. É ela, aquela que resenha a compreensão e designação dos espaços, dos seres, das pessoas, animais, vegetais, minerais, religiões, endemias, epidemias, medicina, culinária, cultura, enfim, a infinidade de atitudes que se estabeleçam dentro de qualquer espaço e fora dele, pois mesmo fora, há um espaço a ser analisado!
As variáveis da Nova Geografia trazem consigo a possibilidade de interpretação de fatos nunca antes imaginados e / ou negados por ela mesma, ou seja, por aqueles e aquelas que a compreendiam e tentavam doutrina-la em direções diversas, que não fossem àquelas de demonstração de análise e compreensão, pelo menos não para a grande massa.
A docência, inúmeras vezes, faz-nos refletir sobre aquilo que aprendemos e utilizamos. O estar em sala de aula, em lidar, ensinar e aprender com as educandas e educandos, nos trás a possibilidade de refletirmos sobre as teorias dessa ciência, tão amplamente analisadas na academia, mas que para nada servem se não aplicadas às questões solicitadas.
Compreender os espaços naturais, construídos, preservados, conservados são partes fundamentais da intenção máxima dessa ciência. Porém, buscar a compreensão e interpretação das relações que se estabelecem dentro desses perímetros são necessários e, quem sabe, vitais à preservação do olhar geográfico sobre o mundo e, principalmente, sobre nós mesmos e nossas convicções.
As relações culturais estabelecidas entre os variados povos, as imigrações, as emigração, as migrações fazem com que as culturais diversas acabem por estabelecerem em outros pontos que não aqueles aos quais surgiram, muitas vezes buscando formas de sobrevivência aos mesmos, sofrendo adaptações locais motivados quem sabe, pelos aspectos naturais, sociais ou econômicos daqueles que propagam sua própria cultura.
Interligar a Geografia às demais ciências é um fator de expressão cognitiva daquele e daquela que se utiliza dela. Conseguir, em seu íntimo buscar a reflexão, com o intuito pré definido da ação sobre a mesma, no sentido de (co) ligar as ciências variadas é um desafio que educadores e educadoras atuais tem que perpassar e, além disso, conquistar em sua construção de conhecimento, lembrando sempre, que o processo não destinasse somente aos educandos e educandas, mas também a nós.
Demonstrar em sala de aula essa relação é a própria força de ação tão sonhada por muitos teóricos que acreditaram e crêem em uma nova educação para todos e todas, em uma educação que possibilite não somente o já construído, mas que seja construído em um cotidiano, em uma nova perspectiva, em um dia-a-dia.
Entender que a Biologia é tão Geográfica quanto a Medicina, nos remete a conceber as relações expressas entre elas. Compreender as funções dos seres microscópicos agindo na decomposição das folhas e caules das árvores, por exemplo, nos remete a pensar na biomassa que possibilita a manutenção das florestas, que formam os Biomas naturais, sem os quais nossa sobrevivência neste planeta não seria possível, ou ainda, analisar a expansão espacial de uma epidemia, buscando formas de controle, entendendo a dinâmica da natureza no controle das pragas naturais, que também têm sua função, auxiliando a Medicina em seus campos de estudo, são formas de prestar serviços não só às teorias, mas ao planeta.
É, hoje, necessário também, buscarmos formas de representação significativa dessa ciência nas salas de aula. Para tanto, devemos nos conscientizar da importância da mesma para os educandos e educandas, não somente no sentido de transmitirmos conhecimentos básicos como localização, orientação, funções de desenvolvimento da vida no planeta, ou ainda, análise e interpretação de mapas. Necessitamos (re) buscar as alternativas possíveis de utilização da Geografia, precisamos elevar nossos pensamentos ao sentido de proporcionar àqueles e àquelas aos quais nos escutam e falam conosco todos os dias, formas de interpretar e compreender os espaços mundiais, as formas como as representações e simbologias criadas têm papel importante na sociedade em que nos inserimos.
Necessitamos saber compreender e refletir a prática docente sob uma forma desfragmentada, buscando em campos diversas explicações para um mesmo fato e fenômeno.
Em vivência podemos abordar o sentido da sacralidade dos lugares, do profano, do impenetrável, das premissas que os grupos, guetos, clãs criam para si, para suas vivências e sobrevivências em um espaço desigual e amoral como o nosso. Precisamos conceber e fazer, através da reflexão, com que educandos e educandas construam um espaço reflexivo em seu conhecimento a respeito da percepção, do conteúdo enigmático pichado nos muros, nas paredes, no que simboliza a esquina, a parada de ônibus, as relações estabelecidas pela conversa no canto da rua, nas horas de lazer, nos passeios que não ocorrem devido a falta de recursos financeiros, no que o pastor disse, na cruz que vi na Igreja, no despacho da encruzilhada.

Fonte: João Francisco da Costa, in A prática em sla de aula: a Geografia, uma ciência possível. Canoas, 2008.

História e Cotidiano, perspectivas da questão dos negros e das negras no Brasil por João Francisco da Costa

Este texto foi publicado no Livro Escola de Fábrica - Livro Básico

RESUMO: A discriminação e a exclusão social dos africanos e africanas trazidos ao Brasil, desde 1508, sob a condição de escravos, criou, durante cinco séculos nesse país, uma máscara nacional de “aceitação” da condição dos/das afrodescendentes, como cidadãos, onde disporiam dos mesmos direitos constitucionais, dos demais grupos étnicos existentes aqui. É irreal, que não analisemos o preconceito que ainda é instaurado em nosso cotidiano, quanto a essa questão. O direito à educação, à assistência médica – hospitalar, à socialização e à sociabilidade da raça negra no Brasil, deve ser discutido em escala geral, em todas as bases de nossa sociedade. O presente artigo procura analisar as relações de preconceito e discriminação existentes na sociedade brasileira e, sobretudo, buscar um entendimento sobre a questão junto a grupos relacionados à educação popular.


Palavras Chave: Preconceito – Afrodescendentes – Direito – Educação – Sociedade - Igualdade

RESUMEN: La discriminación y la exclusión social de los africanos y africanas trajeron Brasil, desde 1508, bajo la condición de los esclavos, creó, durante cinco siglos en ese país, una máscara nacional de" aceptación" de la condición del afrodescendente, como ciudadanos que tienen los mismos derechos constitucionales de los otros grupos étnicos existentes aquí. Es irreal, que no analiza el prejuicio que todavía se establece en nuestro diario, con relación a ese asunto. El derecho a la educación, a la asistencia médica - hospitalar, a la estatificación y la sociabilidad de la raza negra en Brasil, debe discutirse balanza, en todas las bases de nuestra sociedad, en general. El artículo presente intenta analizar las relaciones de prejuicio y discriminación establecidas en la sociedad brasileña y, sobre todos, parecer para una comprensión cerca de en los grupos sujetos relacionaron a la educación de la población.


Palabras Codifican: Prejuicio - Afrodescendentes - Derecho - Educación - Sociedad – Igualdad


1. INTRODUÇÃO

Desde o início do século XVI, quando os colonizadores portugueses iniciaram a colonização das terras brasileira, estas foram vistas com um grande potencial agrícola. Como já haviam conquistados reinos na África e construído alguns entrepostos comerciais por lá, sobretudo no Golfo da Guiné (KLEIN, 1987; MAESTRI, 1996), iniciaram o tráfico de africanos, em direção ao Brasil, nas condições mais desumanas possíveis: a escravidão. Juntamente a ela, a perca da dignidade humana, da auto confiança e a escrita de uma nova história: a constituição do preconceito e da discriminação.

2. CARACTERÍSTICAS

Durante três séculos e 80 anos, os africanos e africanas que se tornaram escravos nesse país (Brasil), sofreram as mais variadas formas de abuso: Torturas, doença da saudade (banzo), humilhação, discriminação e, sobretudo, indiferença e aceitação dessas condições por parte dos agentes governamentais.
Azevêdo (1987), menciona o começo da composição da população brasileira: “índios que já habitavam o território, portugueses e negros”. E continua dizendo que: “esta miscigenação ocorreu entre estes três povos durante três séculos, aproximadamente quinze gerações.”
Historicamente, a discriminação e a exploração dos negros no Brasil colônia mostra-se clara, contínua e revoltantemente legitimada tanto pela lei, como pela cultura social, durante muitas décadas após a “Abolição da Escravatura”, em 1888.
Incoerentemente, acreditou-se que os negros trazidos ao Brasil, quando do processo escravatório, não demonstrariam resistências étnicas, culturais e sociais, desde que elementos das tribos trazidas fossem separados. De tal forma, milhares de escravos foram separados de suas famílias, de seus hábitos e costumes, porém, a resistência dos negros foi surpreendente. Começando através da fusão com outros negros de tribos diferentes, mantiveram, sua culinária, fundiram-se os idiomas, postularam suas religiões, enfim, conseguiram manter-se “mudos”, todavia ativos.
Segundo Maestri (1984), estimativas levantadas através de documentações, notas, jornais das épocas, acredita-se que entre as décadas de 1530 e 1860, foram trazidos para o Brasil, mais de 4.000.000 de escravos, vindos de várias regiões da África, como por exemplo a Costa da Mina (Guiné), Benguela, Congo, Cabinda e, distribuídos principalmente no litoral da região nordeste, com o intuito de trabalharem no plantio, cultivo e colheita de cana-de-açúcar.
Entretanto, o negro mostrou-se forte, labutou, apanhou, perdeu, morreu, todavia, seu “imo”, sua essência, continuou e mostrou-se inteiramente.


Não resta a menor dúvida que o Brasil é uma das nações do mundo que tem sido profundamente influenciada pela penetração do africano, influência extensa e geral, pois nenhuma região do território brasileiro escapou inteiramente do seu impacto. ( Monti, 1985. p.31)


Com a “abolição da escravidão”, a teórica igualdade jurídica do negro, mais pareceu a própria sentença de morte. A ideologia dos séculos de escravidão trouxe ao homem branco, o sentimento de diferença social, econômica além de dar ao negro, ainda, uma posição de geral submissão.
Com o passar das décadas do século XX, o preconceito foi mascarando-se, abrandando-se, porém, não deixando de existir, mesmo hoje, em várias regiões do Brasil, contudo, expressando-se em maior ou menor graus em todas as classes, todavia hoje, não se observam manifestações ostensivas, até porque estas são passíveis de penalização legal.
Assim, conclui Monti (1985): “No caso específico do Brasil, sabemos que as raízes do preconceito em relação ao mesmo estão no período colonial; e, principalmente após a abolição.”
Sendo a abolição da escravatura um fato recente e feito de forma incorreta, o negro teve sua passagem de escravo a cidadão, sem levarem-se em conta fatores importantes, como o capitalismo emergente que foi uma barreira para a inclusão deste contingente à mão-de-obra assalariada.
Analisa-se o seguinte: Durante o período escravista, os negros recebiam o suficiente para a sua subsistência, já nessa “liberdade” abolutória, essa necessidade não se vê considerada, até mesmo por poder “imaginar” a posse de terras por parte de negros para sua fixação. Sim, pois se receberiam soldo, poderiam comprar. Então, nesse ponto são dados os primeiros passos para a marginalização e desfavorecimento perante à sociedade e padrões, do branco em relação ao negro.
Com a marginalização social, acúmulo de riquezas (por poucos), eleva-se o nível de vida de determinados elementos sociais. Os negros, agora assalariados, não participam da elevação social no mesmo nível dos senhores brancos. Outrossim, o negro sempre buscou um patrimônio, fora o salário tão necessário: O respeito.
A escravidão do período colonial e posterior, serviu antes de mais nada para o fortalecimento dos privilégios em prol da população branca. Para estes, conceber o negro como “cidadão” ou simplesmente “ser humano”, acarretaria na perda de benefícios conseguidos em seu favor, durante séculos.
Durante o século XX, a condição dos afrodescendentes não alterou-se muito.
A medida que os centros urbanos foram expandindo-se, as populações residentes, que não tinham uma renda fixa ou então oscilavam entre e uma classe social (baixa), foram sendo “marginalizadas” às periferias, isso ocorreu tanto no Brasil como na América Latina (KLEIN, 1987)
Essa marginalização deu origem ao que hoje conotamos como favelas, a exemplo, a cidade do Rio de Janeiro.
Em termos gerais, a questão dos direitos dos descendentes de africanos ( e aqui digo negros e negras), sob muitos ângulos, sempre foram negados, no sentido sociocultural, no Brasil.
A inclusão desse grupo no mercado de trabalho formal, posso afirmar, é muito recente, datando de aproximadamente 20 a 30, claro, inclusão notória, isto é, podemos ver pessoas de pele negra trabalhando nos mais variados ramos da sociedade, porém, hoje em condições mais dignas.
A busca por uma participação maior dos afrodescendentes no cotidiano atual, faz surgir núcleos e órgãos não governamentais e de cunho governamental, que possam visualizar as questões relacionadas ao preconceito e à discriminação.
Hoje, vivemos em uma época de tribulação social, onde as hipocrisias instauradas parecem querer quebrarem-se.
A realidade como um todo, e principalmente, aquela da percepção, faz-nos refletir sobre a iminência de tomadas de atitudes, de gritos, de alertas, que façam a sociedade acordar.
A educação, em seu papel primordial, tem o dever de cobrar-se quanto a essa questão, quanto a seu papel na inclusão de temas como o do preconceito e da discriminação, e aí, sem falar na questão do gênero, da deficiência e da solidariedade social.
Em vivência como professor da rede pública Estadual, no Rio Grande do Sul, analiso diariamente as relações que se estabelecem quanto à exclusão: o fato de essa ou esse ser negro, ou homossexual ou deficiente; o desistir da prática educacional, devido ao início do trabalho, quando ainda estão em idade escolar; o sentir-se “diferente”, pois minha pele é mais escura; o “eu não sou negro, sou mulato”; enfim, um arcabouço de explicações e diálogos estabelecidos, que levam à reflexão de qualquer observador mais atento.
Ora, se as raízes do preconceito e da discriminação estão na época colonial, e não que não estejamos vivendo uma época colonial atualmente, devemos desprender-nos, buscar formas e tentativas de quebrar essa rocha “metamórfica”, que horas muda sua composição conforme a “pressão interna dos agentes”.
É necessário, que nós, educadores e educadoras, tenhamos um papel ativo e real nessa luta, nessa busca por uma melhor sociedade, igualitária de fato, verdadeira de fato. A composição étnica brasileira hoje, não pode esconder a porcentagem afrodescendente de sua população absoluta

3. CONCLUSÃO

É fato, que o preconceito e a discriminação aos negros e negras, hoje no Brasil, faz parte de nosso cotidiano. A história mostra as relações de exclusão que essa raça e seus descendentes sofreram e sofrem ainda hoje, na atual sociedade em que vivemos.
As brincadeiras, as piadas, os instrumentos de manutenção do (pré) conceito racial e social, atende as bases de políticas (pré) estabelecidas em nossa história.
O peso do cunho psicológico de marginalização e do negro e negra marginais, demonstram que vivemos ambiguamente: De um lado, se não fosse a força do trabalho escravos e de suas populações, o Brasil teria padecido muito cedo; de outro, o não reconhecimento pela identidade sócio-econômica-cultural dos afrodescendentes, de uma forma digna.
A legislação brasileira, hoje contempla a igualdade de cor, raça e culto, porém, ainda, na concepção de muitos, os afro-brasileiros e atrevo-me, os brasileiro ricos em melanina ( para usar um termo mais discriminatório ainda), são uma raça secundária, desfavorecida, desprovida.
Essa realidade necessita mudar, necessita alterar-se, desconstruir-se, pois caso não ocorra, padeceremos por mais cinco séculos, sob a égide de uma “pátria” onde “todos os homens são iguais”. biologicamente?
4. BIBLIOGRAFIA

AZEVÊDO, Eliane. Raça: Conceito e Preconceito. São Paulo: Ática, 1987.

KLEN, Herbert S. Escravidão Africana – América Latina e Caribe, São Paulo: Brasiliense, 1987

MAESTRI F.º, Mário José (Org). Nós, os afro-gaúchos. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS. 1996

MAESTRI F.º, Mário José. O escravo gaúcho: Resistência e trabalho. São Paulo: Brasiliense, 1984

MONTI, V. A M. O Abolucionismo: Sua hora decisiva no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Martini, 1985.

FÓRUM SOCIAL MUNDIAL 2010 - Canoas (RS) -






Algumas fotos...