GEOGRAFIA DA RELIGIÃO:
EDUCAÇÃO, PERCEPÇÃO E RELIGIÃO
João Francisco da Costa





Hécate, a Sagrada Mãe da Lua..... Nossa Mãe, proteja a Terra, sua morada e criação. Senhora única que enxerga em três, veja e nada perca de seu controle








Lilith, a Lua Negra, mulher, mulher mulher....




DIGA NÃO À DISCRIMINAÇÃO, SEJA ELA QUAL FOR............... POR UM MUNDO MAIS JUSTO E POR MELHORES CONDIÇÕES DE VIDA........











Na Sexta-Feira, em frente à Fundação Cultural de Canoas, no momento de "RECREIO"

ÉDEN - Sarah Brightmann

Did you ever think of me,
As your best friend.
Did I ever think of you,
I'm not complaining.

I never tried to feel.
I never tried to feel.
This vibration.
I never tried to reach.
I never tried to reach.
Your eden.

(Your eden. Your eden.)

Did I ever think of you,
As my enemy.
Did you ever think of me,
I'm complaining.

I never tried to feel.
I never tried to feel.
This vibration.
I never tried to reach.
I never tried to reach.
Your eden.

(Your eden. Your eden.)

I never tried to feel.
I never tried to ...
(Your eden.)

SALMO 91

Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará. Direi do Senhor: Ele o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei. Porque ele te livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa.Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas estarás seguros; a sua verdade será o teu escudo e broquel. Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa e dia, Nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia. Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas tú não serás atingido. Somente com os teus olhos contemplarás, e verás o castigo dos ímpios. Porque tú, ó Senhor, és meu refúgio. No Altíssimo fizeste a tua habitação.Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda.Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra. Pisarás o leão e o aspide; calcarás o filho do leão e da serpente. Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei; pô-lo-ei em retiro alto, porque conheceu o men nome.Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; dela o retirarei, e o glorificarei.Fartá-lo-ei com longura de dias, e lhe mostrarei a minha salvação.

DA HUMILDADE À RIQUEZA - Por João Francisco da Costa

Estando Olofin em reflexão, imaginou que poderia criar um ente diferenciado, um Orixá ao qual pudesse desvelar segredos seus que ficassem guardados. E disse Olorum: Oni ifun, xê eró orixá! (Senhor Destino surja o orixá segredo!).
Imediatamente, fez-se aparecer à frente de Olodumaré Ossaim, orixá do Segredo. Reservado dos demais Eborás, Ossaim ficou tempos escondido dos demais entes, aprendendo com Olodumaré, segredos aos quais não deveria contar. Ossaim teve contato com o Quarto Ovo (quando do surgimento do Orum, Olorum criou quatro ovos, dos quais nasceram Exu Odara, Obatalá, Oduduá e um ente que somente Olorum conhecia – seu próprio segredo).

Uma vez apresentado aos Eborás, os questionamentos foram inúmeros, recaindo sobre Ossaim, a desconfiança.

Da parte de Exu Odara, este presenteou o novo irmão com a impaciência (com a finalidade máxima de extrair o segredo do Orum), o qual de forma díspar ocasionou o afastamento entre Ossaim e Exu, pois aquele se tornou impaciente com o irmão. Além disso, Odara ainda deu a Ossaim, o aprendizado dos animais do Orum, a desconfiança e a certeza do pensamento.

De Obatalá, Ossaim herdou a conduta, a ligeireza de ação, de investigação, porém, também herdou a seriedade, a displicência. De sua irmã (Oduduá), Ossaim ganhou a sexualidade, a atração e retração, a escolha pela solidão em seu próprio mundo, a reflexão nos momentos de pensamento isolado.

Quando a Terra, Ossaim afeiçoou-se às matas, as plantas, ao segredo da mutação, da ramificação das cadeias químicas e às reações que ocorrem no mundo vegetal. A Leiva. Ossaim tornou-se a própria leiva, que cura ou pode matar.

Residente das florestas fez surgir sobre a face da terra as diferenciadas formas vegetais, ora acompanhado de Exu (plantas da terra), ora acompanhado de Oxum (Plantas dos rios), ora de Iemanjá (Plantas do mar).

A Ossaim foi concedido o ERÓ (Segredo), segredo este que percorre nossos dias atuais, em suas promessas de punição a todos os que tentassem destruir seu reino.

Vem da parte de Ossaim as florestas (Ombrófilas, Latifoliadas, Caducifólias), as matas, as algas, os musgos, a penicilina, o medicamento manipulado. Retentor do Axé sobre a Terra, sem Ossaim não damos início ao culto; sem seu segredo necessitamos de muitos cultos.

Patrono dos Médicos, rezadoras, benzedeiras. Ossaim desponta sua parte interrogativa nas questões sentimentais. Incontrolável, impaciente, Ossaim ama a tudo e todos (indiferente do sexo). Para uns, Orixá dã (Seis meses homem seis mulher), para outros, mulher, mas para todos, o dono do dinheiro, do Axé.

Bi, Debi, Saruê, Soirê, Egué, Moreau, Moressum, Odiobé, Dangbéro, Semiô, são algumas qualidade de Ossaim, conforme suas divisões e moradas, escolhidas por ele mesmo, quando resolveu habitar a Terra, junto com os outros orixás, quando este planeta foi criado por Oduduá.

DA VAIDADE AO TROVÃO - João Francisco da Costa

Estando Olofin pensativo, Obatalá lhe pergunta: Ba Ya mi o niki? (O que há Pai - Mãe meu?). Gbo Obatalá: Iba atiwo Ojo, Iba Atiwo Oorun, Iba demiòó Obàkoso (Escute Obatalá: Eu saúdo o dia, eu saúdo a noite, Eu saúdo o futuro rei do relâmpago).

Estático, Obatalá vê se criar um novo orixá, a sua frente forma-se a figura de um negro, de raríssima beleza, cabelos trançados, robusto, corpo delineador, olhos rasgados, surge Sangô (Xangô).

Com grande expectativa, Exu Odara e Oduduá apresentam-se a presença de Olofin, com o intuito de presentear o novo orixá.

Xangô recebe de Exu, a serenidade e lógica, além do raciocínio gélido a solução de qualquer problemática, não contente, Exu ainda o presenteia com força física, a resolução analisada, tramada, inteligente. Oduduá, admirada com a Criação de sua Mãe – Pai, concede ao novo irmão, a beleza atrativa, o mistério no olhar, a sedução pela exposição de sua figura, de seu estilo, além, a Eborá, dá a Xangô, a vivacidade, a esperança e o poder de escolha, mesmo que esta seja precipitada, refletindo em reações posteriores.

Obatalá, entendendo que deveria presentear o novo orixá, dá-lhe o Emi – sopro de vida, da-lhe ainda, a sensatez, o discernimento, o poder da oratória, do controle pela palavra, o pulso firme.

Xangô, sentido-se repleto de energias, vê-se orixá do Orum, com suas regras, por ele mesmas criadas; com suas graças, por ele mesmas desenvolvidas; por sua sabedoria eterna, herdada de seu Pai – Mãe.

Quando da Criação da Terra, Xangô decide habitá-la junto com seus irmãos. Todavia, as feições dadas a Xangô, o lançaram em um mar de soberba, de sentimento de superioridade, de contradição consigo mesmo, da não aceitar opiniões e comentários, a impaciência tomou conta desse orixá, quando assumiu uma forma humana.

Quando humano Xangô foi Alafin (rei) de Oyó, demonstrando despotismo e injustiças, o que ocasionou mais tarde no abandono e expulsão dele de seu reino; sentido-se humilhado, Xangô adentra a terra, retornando a seu estado Orixá e voltando ao Orum, prometendo a Olodumaré, que seria o eterno responsável pela justiça entre a humanidade, como forma de reparar sua soberba, quando aqui esteve.

Xangô é o trovão, vaidoso, cuidadoso, que encontra características próprias para sua ocorrência. É a contradição da reflexão humana; o que pensa e age, com cautela, após longa pesquisa de possíveis reações. Sangô é a vaidade ai extremo, a soberba que toma conta da humanidade; ele é justo porque se pune. É a nuvem de altitude, que carrega em si gelo, água e vapor em um constante movimento na atmosfera, que quando encontra outra nuvem (Xangô), provoca um ruído, um estrondo, avisando que este orixá se encontra próximo.

Agodô, Apará, Abeô, Agandjú, Toqui, Oni, Ibeji, Djákutá, Airá, Baiani, Bomi, Ebomi, Akpalô, Deci, Taubi, Lairã, Deí, Kocy, Onijeum, Alafuyá, Bambuche, Belicioni, são algumas qualidade de Xangô, conforme suas divisões e moradas, escolhidas por ele mesmo, quando resolveu habitar a Terra, junto com os outros orixás, quando este planeta foi criado por Oduduá.

DA DETERMINAÇÃO À TEMPESTADE - Por João Francisco da Costa

Da Determinação à Tempestade

Em um dia de inspiração, Olorum, sentado a seu trono, com sua face recoberta, por seu Adê de Cawaris (búzios), que havia criado para si próprio, sentiu que deveria criar um orixá fêmea (Obirinxá), que fosse a representação da determinação, da coragem, da ousadia e da alegria. Assim, mandou que se chama-se Ajalá (Eborá), marceneiro do Orum. Após aconselhar-se com este, proferiu palavras ininteligíveis, as quais somente Ele próprio conhecia, então, surgiu a sua frente, o plasma de Oiá – Iansã, Obirinxá que deveria ser a personificação da coragem e determinação de Olofin.

Comunicados, Exu Odara, Oduduá e Obatalá, lá estavam para proporcionarem a nova orixá, elementos pessoais seus, que herdaram de seu Pai – Mãe.

De Exu, Iansã recebeu o dom da visão aguçada dos animais de rapina e a essência sensual dos búfalos almiscarados, além de ter ganho desse Eborá, a coragem para enfrentar o desconhecido, o orgulho pela conquista própria e não pela humilhação dos vencidos.

De Obatalá, Iansã ganhou a onipresença, aquela que se faz presente mesmo não estando junto, Obatalá abençoou-a com sua responsabilidade e eterna conduta, porém, passou a Iansã, sua ira pela derrota injusta, ou pelo menos, que ele julgava ser injusta.

De Oduduá, Iansã herdou o aconselhamento, a frieza em resolver as soluções, as estratégias necessárias às soluções das situações que a ela se impusessem durante a eternidade.

Durante milênios, no Orum, os Eborás e Orixás, aí com todas as suas hordas e classes (exércitos), permaneceram em paz e conscientes de suas responsabilidades, uns com os outros. Quando da Criação da Terra, por Oduduá, à Iansã, foi dada a escolha de elementos da natureza recém criados. Ágil e estrategista, Oiá logo se afeiçoou com os raios e relâmpagos, cujo valor natural a ela parecia o mais ambicioso. O raio para ela significava a liberdade, aquele que corta o céu, aqueles que invadem a terra e dela saem.

Ainda, Iansã tornou-se a proprietária ou dona das casas que abrigavam os orixás e Eborás, que aqui se instalaram.
Oiá é a liberdade da conduta, aquela que está acima do preconceito, ela é o raio, o rubi, a força existente em cada ser humano pelo desconhecido. Dona do Vento é assim designada, porém, deve-se entender que ela não é a dona do vento, e sim o próprio.

Oiá é a tempestade, é a formação de baixa pressão atmosférica, que forma o furacão, o tornado, é ela o ciclone que tudo arrasta.

Funiqué, Foribalé, Biã, Dirã, Niké, Bomi, Obomi, Ofã, Alajá, Odá, Oni, Senio, Croci, Lebani, Oxiagui, Demioni, Damarruí, Delomá, Achieroa, Omimeuó, são algumas qualidade de Iansã, conforme suas divisões e moradas, escolhidas por ela mesma, quando resolveu habitar a Terra, junto com os outros orixás, quando este planeta foi criado por Oduduá.

DO IMPULSO À VITÓRIA - por João Francisco da Costa

Ora, Olofin pretendendo criar uma prole que vivesse de bem comum, resolveu criar sentimentos, porque o Orum encontrava-se cheio de suas e somente suas ordens. Desde muito, Olofin pretendia criar um orixá que tivesse esperteza nas forças e nas lutas, que sabia um dia deveriam acontecer; e assim, Olodumaré resolve fazer que apareça Ogum.

Ogum, Senhor da Força material, foi dado a ele por Olofin, a força do impulso, sim do agir por impulso, força essa demonstrada na humanidade sob a forma da guerra, a belicosidade. O Segredo (Olofin), resolveu dar então ao ente que criava, a mente ao desenvolvimento da defesa do Orum, contra os próximos que seriam criados.

Ogum recebeu de Exu Odara, o fole, com o qual esquentaria e diluiria os metais, ganhos por ele de Obatalá, que vendo seu Pai criar um orixá masculino, irradiou-se de alegria, assim, Ogum ganhou o domínio sobre o minério de ferro, o alumínio, o manganês, são dele, ou seja, ele próprio é a metamorfose natural que fundi o manganês e o alumínio, formando a liga de ferro, que será modelada em armamento.

Ogum, ainda recebeu de Oduduá, o amor incontrolável, o sentimento da traição, da conquista, porém, não correspondida muitas vezes, e é isso mesmo o que Ogum mais adorou, a luta, a busca pelo amor, por aquilo que ele mesmo julga impossível, porém, plenamente realizável. Enfim, Ogum é a dúvida, a incerteza, mas é também, a teimosia de reconquistar o que se perde, Ele é a força interna, a pressão que a Terra faz de seu interior para fora, com o intuito de forjar os minérios, ora separando os que são necessários, ora expelindo os que já não mais precisa.

A Ogum foi dado o dom de cuidar das plantações de Olodumaré, senhor absoluto das ferramentas que revolvem a terra ao plantio, é ele, os grandes campos e campinas de plantio, as plantas que se unem e misturam às plantas naturais impetuosamente, modificando-as, misturando-se se acoplando.

Senhor da bravura, da experiência orixá e humana, o impulso bélico humano, o impulso sentimental de cada ser, é ele a traição de si mesmo, as contradições do dia e da noite, a serpente que andarilha pelas moitas e macegas.

Malê, Naruê, Deí, Badeí, Odiola, Onira, Avagã, Gamgam, Delê, Azuetu, Tobá, Irajeí, onin opá, são algumas qualidade de Ogum, conforme suas divisões e moradas, escolhidas por ele mesmo, quando resolveu habitar a Terra, junto com os outros orixás, quando este planeta foi criado por Oduduá.

DA BELEZA À RIQUEZA - por João Francisco da Costa

Contam, os mitos nagôs que há muito já se vão esquecidos, que quando Olorum ou Olofin ou Olodumaré criou o Orum, os Eborás e os Orixás, teria criado Oxum, orixás da beleza, ou seja, a própria beleza; De Olofin teria herdado seus belos traços, seus olhos semicerrados e atravessados, sua pele totalmente negra, corpo modelado como as curvas das estrelas do céu, seus seios eram perfeitos, suas pernas as mais lindas que todos Eborás puderam ver. Seus lábios, Ah! Seus lábios refletiam Olofin; Enfim, Oxum seria perfeita, conforme Sua vontade.

Quando da criação de Oxum, Olorum comunicou a Obatalá e Oduduá e, evidentemente, a Exu Odara (o primeiro exu). Assim, de Exu, Oxum recebeu a esperteza nos negócios, nas forças, nas carnes, Oxum ganhou de Exu, a ligeireza no pensamento e no raciocinar em prol de si mesma. De Obatalá, o primogênito de Olodumaré, Oxum recebeu o Emi – o sopro da vida -, ao qual iria encher seu corpo belo e fazê-la orixá pelo resto da eternidade, até mesmo quando ninguém mais lembrar dos Orixás. De Oduduá, filha de Olofin, Oxum ganhou a determinação, a seriedade, o escutar e raciocinar nos momentos de maior necessidade.

Surge Oxum, orixá do Orum (Espaço Invisível), senhora única da beleza rara, da beleza interior e qualquer tipo de beleza, porém, paparicada por todos, pelos demais orixás, Oxum desenvolveu algo que o Orum ainda não tinha visto, mas que já era destinado pelo próprio Olofin: Oxum, imbuída de sua insuperável beleza, de sua vaidade, de sua conduta protegida, esta Obirinxá (Orixá Fêmea), desenvolveu em seu interior, a vaidade em excesso, o egoísmo, a soberba, isto é, a parte negativa desta Obirinxá é o desejo incontrolável de conquistar, de querer e ter e quando mais impossível isso possa parecer, melhor será; o desafio, ora, Oxum recebeu a determinação, a eternidade, ela recebeu a esperteza. Sim, Oxum, a senhora do Cobre e do Ouro, a riqueza material que a humanidade pretende, mas que necessita passar pelos dengos e vaidades de Oxum para conseguí-la; as relações sentimentais que as mulheres e homens da Terra buscam, de forma descontrolada, instigados pelo poder atrativo de Oxum, que os faz enlouquecer de paixão, e nunca, quase nunca, lembram-se dela para unirem-se, e impressionantemente é isso mesmo o que ela deseja, que não lembrem dela, para que ela possa castigá-los a seu risonho prazer.

Senhora das cachoeiras na Terra, da água doce e potável, é ela a guardiã dos segredos e tesouros espalhados pelo mundo. É aquela que desafia o patriarca, não de forma frontal como Iansã, com uma espada na mão, mas é aquela que trama a teia de sua vítima, não poderia ser assim diferente, é ela, Oxum, as próprias aranhas, animais de estimação que guarda em sua casa, a casa de Oxum, a tenda da Senhora, da Iabá Owo – Senhora do dinheiro -, é ela, a mãe que educa o filho pelo olho, porque seria demais a ela bater carnalmente em sua prole.

Oxum Apará, Dibeuá, Beuá, Irê, Mirê, Mirerê, Alupandá, Lupandá, Demum, Docô, Pandá, Mireum, Olomi, Omimeuá, Olobomi, Deci, são algumas qualidade de Oxum, conforme suas divisões e moradas, escolhidas por ela mesma, quando resolveu habitar a Terra, junto com os outros orixás, quando este planeta foi criado por Oduduá.

EU, OXÉ, Meu Odu

Conta-se que um filho de orixalá que se chamava dinheiro, que se dizia ser tão poderoso que poderia dominar até mesmo a morte.Este fez uma oferenda indicada pelo babalaô e saiu maquinando como poderia trazer preza a morte, conforme prometera diante de todos. Deitou-se na encruzilhada e as pessoas que passavam na estrada deparavam com um homem espichado no meio do caminho. Diziam uns: -xi ! Está este homem esticado com a cabeça para a casa da morte, e os pés para a banda da moléstia e os lados do corpo para o lugar da desavença.
Ouvindo tais palavras dos transeuntes, levantou-se o homem e disse, então, com ironia:
-já sei tudo o que era preciso conhecer. Estou com os meus planos já feitos.
E lá de foi ele direto para a fazenda da morte. Chegando no local, começou a bater os tambores fúnebres de que a dona da casa (sra. Morte) fazia uso quando queria matar as pessoas indicadas para morrer. Ela tinha uma rede preparada e, quando a morte aproximou-se, apressada, a fim de saber quem estava tocando os seus tambores, o homem envolveu-se na rede e levou logo ao maioral orixalá. Dizendo-lhe estas palavras: Aqui está a morte que eu lhe prometi trazer em pessoa à vossa presença. Orixalá, então lhe disse essas palavras: -vai-te embora com a morte e tudo de melhor e de pior que possa haver no mundo, pois tu és o causador de tudo o que há de bem e de mal. Some-te daqui e a leva embora e, então, poderás possuir tudo e conquistar o universo inteiro.

Algumas Lendas de Odus

Ojonilé (Ejonilé)

Era uma moça muito bonita que morava num palácio. Tinha também uma moça, porém, muito pobrezinha, que veio com sua velha mãe pedir proteção a rica, para fazer sua choupana ali, encostada no muro do palácio. Mas ela era Omorixá (voltada ao culto dos orixás); no fundo do quintal tinha um rio e na beira desse rio um pé de Orobó, que servia para tirar e fazer obrigação. De manhã ela ia para a beira do rio, tirava uma cuia de orobó e botava no pé do santo. No dia seguinte comia com a mãe. A moça do palácio nem mandava os restos de sua cozinha para elas. Não tinham homens dentro da casa, (para prover sua manutenção), mas iam passando. “A rica ficou um dia à janela para ver como elas viviam, se lhe pedir nada. Viu a moça varrer o terreiro, limpar a choupana, lavar roupa e sair para o rio, viu ela voltar com os orobos. Foi lá no fundo do quintal, trepou no muro e viu o pé de orobó, então a dona do palácio disse que ia acabar com aquilo. Mandou chamar a pobre em seu castelo: “Como é que você vive?” Não tem marido, o que faz? Aí a moça disse: eu sou omorixá. Ela perguntou: “Adora seus santos? Como pode dar obrigação?”A moça disse: Trago Orobós. Ela perguntou: É com isso que se alimenta? A moça respondeu: É. Quando a moça pobre saiu ela disse: Você vai ver se tirar mais orobós... No dia seguinte, bem cedinho, a moça rica foi lá e tirou todos os orobós, naquela ganância, e encheu uma lata. Carregou a lata e jogou tudo em cima dos santos dela. Quando a moça pobre foi lá, não encontrou mais orobós. Olhou no rio assim desconsolada e viu que tinha um só lá na ponta do galho do rio. Subiu no pé de orobó, quando depois de muito trabalho, já ia pegando nele, ele caiu no rio. Ficou dentro da água subindo e descendo assim. Aí ela disse: Orobomin, o senhor caiu dentro da água; era para eu dar a meu santo. Mas o orobó continuou dançando dentro d’água. Na água se afastou com a correnteza. Ela corria atrás pela beira do rio cantando:

Orobomim – xo – xá
Emin – Kodan – Kodan
Xo – Xá
Orobomim – xo – xá

O que quer dizer: Orobó venha para onde eu estou, tenha compaixão de mim.Quando mais ela cantava, mais ele saltava na água e ia dando aquelas carreirinhas para adiante, da correnteza. E ela atrás cantando... Ela estava descalça, com uma roupa de casa, os cabelos soltos. Foi quando o orobó chegou num peral (redemoinho) e ela vendo que ele ia embora mesmo, ajoelhou-se e tornou a cantar. Estava nesta agonia, quando ela ouviu aquela voz: que estais fazendo aí, minha filha? Era um velho, verdadeiro Abuké – Kuajá (Orixalá velho, fraco), pediu que levasse ele em casa e ela se pôs a ajudar o velho. E o velho se fazendo de mais bambo do que era e demais pesado. E ela com toda a paciência, ajudando o velho, até que chegaram na casa dele. Era uma casa toda suja, levada da breca. Botou o velho na cama. Tinha uma galinha branca. “Meu velho, está com fome?” – perguntou. Varreu a casa toda e procurou comida, mas só achou arroz e cebola. Pegou a galinha e matou e procurou o sal...Não tinha. E aí ela pensou – ele é velho, como assim mesmo. Desfiou o peito da galinha e foi dando para ele comer. O velho aí fazia a boca mais mole. A baba escorria pelo canto da boca e ela enxugava e ia dando a ele de comer. Ele comeu o arroz e a parte da galinha. Ele já tinha mandado ela botar sua touca assim no canto do banco, para poder comer. – Depois de comer ele se pôs a gemer. Ela estava terminando de arrumar a casa e lavar as coisas. Veio ver o que era. O velho então levantou a perna e lhe mostrou a ferida enorme. Ensinou que ela tirasse a pimenta e fizesse uma cataplasma. Mas ela teve pena e fez apenas uma lavagem da ferida. Viu a bola branca no canto...efun (e pensou: deve ser, é um secativo); botou em cima da ferida do velho e ele perguntou: Cadê a pimenta? Ela disse, já botei, e depois contou sua história. Quando ela findou o velho disse, todo dengoso, que levantasse ele. Ela levantou o velho, calçando-lhe as costas com travesseiros. Depois ele disse: bote a toca na minha cabeça. Quando ela levantou a toca era um enorme orobó. A moça ficou muito contente, e o velho lhe disse que, ao sair da casa, voltasse pelo mesmo caminho. Disse; Você vai ver três cabaças (coités) no rio. Não ligue. Siga seu caminho. Encontrará outro que vem para a beira do rio. Pegue ele e abra ali mesmo, mas não olhe para trás. Mais adiante encontrará três cabaços gritando com os primeiros: caminhe, caminhe, caminhe. Deixe eles. Depois encontrará três outros que vêm para a beira do rio. Pegue eles e só abra em casa. Depois disso ele despediu-se da moça, dizendo: Deus lhe acompanhe, No mundo pouco se encontra com a sua paciência. Quando a moça deu por ela, o velho havia desaparecido. Ela saiu e encontrou os três cabaços gritando: caminhe, caminhe, caminhe. Disse: sai-te e continuou o caminho. Depois encontrou um só. Pegou ele, quebrou e não olhou para trás. Era uma riqueza que saiu acompanhando ela... Encontrou, os três gritando de novo. Nada,. Nem ligou. Encontrou os dois, pegou e quebrou. Saíram carruagens, criados, vestidos, tudo que havia de bom e foram acompanhando ela, sem que ela percebesse. Encontrou os outros três gritando, mas não pegou. No fim, apareceram os três que vinham para a beira do rio. Ela pegou, e levou para casa. Quebrou lá dentro de casa e era dinheiro que quase afoga ela e a mãe. Pediu socorro ao velho e aquilo se aplacou. Os babaquaras aí disseram que não era dela aquilo tudo e sim da moça de junto. Foi à frente da moça rica e contou tudo, mas contou ao contrário. Ejonilé (olho grande nela e na casa).
A moça rica não dormiu nessa noite. De manhã para a beira do rio, pegou um orobó e jogou dentro d’água. Saiu atrás dele até chegar no peral. Aí veio o velho. Ela disse para si mesma: Não gosto de velho... Depois se lembrou! Ah! É o velho da história. Pegou ele resmungando e quando o velho se fazia de mais mole ela se zangou com ele. Pegou de qualquer jeito e jogou na cama. Deu sobejo de água, fez comida mal feita. Deu grito com o velho e nem arrumou a casa dele. Quando o velho mostrou a ferida ela botou foi pimenta. O velho choramingou. Aí ela disse: Você ontem levou pimenta e não reclamou... quando chegou a ora de ir o velho disse tudo igual a outra, mas não disse: “a felicidade te acompanhe”.
Quando apareceram logo os três primeiros cabaços gritando: caminhe, caminhe, caminhe, ela disse: esse velho quer me enganar...à outra ele não disse que deixasse esses...aí pegou os três e quebrou na beira do rio. Eram “três cães de rabo”. Pegou os outros três, e era tudo o que não prestava que saía também atrás dela, sem ela ver. Depois ela pegou os três mais e levou para casa. Lá quando quebrou, saiu uma serpente devoradora que comeu ela e tudo e o palácio desabou. Aí vem o provérbio: “Não humilheis os outros para não serdes humilhados”.


Obejokó


Era um dia de Udu-ara ou Abolu-ifá, a grande festa de Orumilá. Ossãe que é zelador das folhas, ou melhor, o dono das folhas, para Orumilá, e também do dinheiro, estava na porta da casa desfiando maruou (folhas de palmeira). Foi quando chegou Xangô e disse: Osahin oniki (Bom dia Ossãe); kilei? (O que há?). Aí Ossãe disse que não iria à festa por que naquele ano a sua plantação só tinha dado abóbora e os inhames, que era o que deveria levar, eram muito poucos. Xangô disse que não tinha nada e que ele fosse mesmo levar. Mas Ossãe não quis ir e então Xangô disse: Pois leve meus cavalos (que significa os filhos de Xangô). Ossãe disse que ele levasse os seus inhames e suas abóboras, mas que não iria mesmo. Ajudou Xangô a carregar os cavalos e viu Xangô ir embora. Quando Xangô chegou ao palácio de Orumilá estavam os santos com aquelas tulhas de inhame. Xangô descarregou os dele e fez o seu monte misturando os inhames de Ossãe e pegou as abóboras e fez a tulha de Ossãe. Salvou Orumilá assim: Ifanin-iboru-iboie-oboxixe (que pela parte dele desejava as maiores felicidades para Orumilá e que seus ixés progredissem). Orumilá viu a pilha de inhames que Xangô havia trazido e ficou muito satisfeito. Depois viu as abóboras de Ossãe e perguntou a Xangô de quem eram. Aí Xangô disse: De Ossãe, querendo incriminar o irmão. Orumilá então disse: Leve esses obarás (abóbora) de volta para Ossãe (porque até aí abóbora não tinha valor de obará) e soprou em cima das abóboras. Mandou então os exus carregarem os cavalos de Xangô com os presentes e as abóboras voltaram nos mesmos em que tinham vindo. E disse a Xangô: Odolá (Adeus, até um dia). Quando Xangô chegou à casa de Ossãe, deu a ele o recado: Está aqui o que Orumilá mandou, os obarás para você. Ossãe ficou triste quando viu os jerimum de volta. Depois que os obará bateram dentro da casa, a família de Ossãe começou a passar necessidade. Choravam: Obará bobenin-obará-orumalé (na parte de Ossãe tem choro, tristeza ou saída; a saída tanto contém moralidade do dito acima, como anuncia desgosto e dor). A mulher dele, porém, é que dizia: Olorum é que nos protege. No terceiro dia já estavam com uma fome extraordinária. Foi quando a mulher de Ossãe propôs: Vamos partir um dos jerimuns dos que Yfá não quis. Decidiram que cortariam quatro talhadas: uma para ela, uma para ele e as outras para os dois filhos. Ossãe pegou a faca e começou o corte. Mas bem não havia afundado a mão quando sentiu que a faca dentro da abóbora tinha batido numa coisa que rangia. Mas ele continuou assim mesmo e quando abriu o obará tomou aquele susto. O miolo que tem as sementes tinha virado dinheiro. Ele então partiu o outro, e o outro e todos tinham dinheiro... Ossãe era pobre e ficou rico. Daí por diante ele passou a ter direito à roupa, come galo arrepiado branco. Para quem sai esse odu não come abóbora, por que se comer dará dor de cólica. Também esse odu tem parte com Xangô e Orumilá, além de Ossãe.




Odi Kankan


Outrora Oxalufã, pai de Oxaguiã, Rei de Egfibó, projetou deixar o reino de seu filho para visitar a seu amigo Xangô, rei de Oyó, o país vizinho. Antes de partir ele foi ver o babalaô que consultou a Ifá e lhe declarou que não deveria empreender aquela viajem. Oxalufã insistiu, perguntou se algumas ofertas ou sacrifícios não tornariam a viajem favorável. O babalaô lhe confirmou que a viajem seria desastrosa de qualquer jeito, ele seria vítima de numerosos desastres, que aventuras más o esperavam e se ele não quisesse morrer, deveria fazer tudo o que lhe fosse mandado, sem jamais recusar um serviço e não lamentar o que lhe acontecesse; e ainda deveria levar três vestimentas de reserva, sabão indígena e manteiga de karité. Oxalufã partiu. Como estivesse velho caminhava lentamente se apoiando no paxorô; encontrou exu assentado sobre a borda da estrada e uma grande barrica de óleo de palma pousada a seu lado. Ele pediu para que ajudasse a carregar seu fardo sobre a cabeça, ele o fez; Exu voltando o conteúdo sobre ele e se pôs a rir e a zombar de Oxalufã que não se aborreceu, mas continuou para o riacho vizinho e tomou um banho, e passando a manteiga de karité sobre o corpo pôs a vestimenta própria e deixou a antiga como oferenda. Meteu-se no caminho fracamente e duas vezes ainda encontrou exu que tomou o mesmo caminho com uma carga de carvão e uma de óleo de amêndoas de palma. Oxalufã fez como da primeira vez e continuou seu caminho. Pouco depois ele entrou no reino de Xangô; passando perto de um campo de milho vê um cavalo de Xangô que foge; ele colhe algumas espigas e dá para o cavalo comer. Os servidores de Xangô, lançados em perseguição ao animal, chegam e prendem Oxalufã como ladrão de cavalos, caindo sobre ele com golpes de bastão, prendem seus braços e pernas e o lançam na prisão levando o cavalo a seu mestre. Sete anos de desgraça passam pelo reino de Xangô; a seca compromete as colheitas, as mulheres tornam-se estéreis, etc... Xangô faz consultar o Ifá que revela que todo esse mal provém de que um velho homem foi injustamente posto na prisão. Buscas e investigações, finalmente Oxalufã é trazido na presença de Xangô. Ele reconhece imediatamente seu amigo, desesperado e envergonhado do que aconteceu ele dá ordens a todos os seus servos, de todos vestidos de branco, e no maior silêncio em sinal de respeito, procurar água para lavar Oxalufã. Voltando em seguida para Oxaguiã que não tinha notícias de seu pai, mal grado as buscas empreendidas, celebraram-se grandes festas e distribuição de alimentos a todas as pessoas.


Ogun-dá-Meji

Orumilá ia fazer uma viajem e foi a um Oluô (babalorixá muito velho); e mesmo lhe recomendou fazer um sacrifício, mas ele se esqueceu. Saiu na carruagem, com seus pajens, os seus exus, e ia pelo caminho quando viu de um lado da estrada pés de obis, e do outro lado pés de orobó. Aquilo era mesmo uma tentação. Ele apeou e começou a comer os obis e orobós. Foi quando chegou a precatória (havendo violado a proibição, além de ter iniciado a viajem sem os sacrifícios preparatórios, passou ele a ser perseguido por entidades sobrenaturais não identificadas).Os inimigos correram atrás dele para pegarem e ele meteu0-se numa carruagem e tocou a toda velocidade com o povo atrás peara pegá-lo. Adiante, ele se viu tão apertado que largou a carruagem e meteu-se num buraco. Foi quando uma aranha começou a fazer uma teia e fechou a passagem. Os inimigos chegaram e, vendo a teia, disseram que era impossível alguém estar ali e foram embora. Os exus, na fuga tinham se espalhado, mas começaram a bater o mato em procura de seu chefe. Um exu, que também estava à procura de seu chefe, encontrou no meio do caminho um homem agachado, com uma faca fincada no chão. Chamou por ele, porque podia ser um inimigo assim disfarçado. Mas era Ogum. Então eles se juntaram e foram descobrir Orumilá. Tiraram ele sem fazer mal à aranha que estava lá no meio da teia. Por isso, quando sai o odu acima se mata com uma faca nova. O sacrifício é de porco e se amarra ele com uma corda nova. Não podendo dar um porco inteiro dar somente a cabeça, os pés, o sangue e a frissura e um quarto da carne.

*** Os Textos acima foram retirados do Livro O Jogo de Búzios.

ORAÇÃO À IFÁ (Português)

1. Eu saúdo Olodumaré, Deus maior.
2. Eu saúdo Orunmila, meu pai, Agbonmiregun.
3. Saúdo os 401 Irunmole, os Orixás.
4. Saúdo o primeiro homem criado na Terra
5. E o último deles a ser criado
6. Saúdo os quatro pontos cardeais
7. Saúdo a terra
8. Saúdo o dia que amanhece
9. Saúdo a noite que vem
10. Saúdo os três pontos lá no céu
11. Saúdo o dono do dia
12. E saúdo o Egun da casa (nosso ancestral)
13. Saúdo o Orixá do mercado
14. Saúdo os anciãos
15. Saúdo as crianças
16. Saúdo Oturarera, protetor da Sociedade de Orunmila.
17. Saúdo Osalogbe, criador da Sociedade de Orunmila na Terra.
18. Nós, que cremos em Orunmila, saudamos e esperamos que
19. Orunmila ouça a nossa oração aqui da Terra
20. A criança que reverencia seu pai terá longa vida e por nada sofrerá
21. Que a nossa saudação a nós poupe sofrimentos
22. O inhame que levamos ao forno seja bem cozido
23. Que as plantas boas não falhem ao agricultor
24. Que os mortos não falte sepultura
25. Que a Orixalá não falte o pano branco
26. A pessoa não faz nascer a sua barba
27. Nem a barba faz nascer essa pessoa
28. Se a minhoca saúda a terra, esta a ela abrigará.
29. Vós que mandais no mundo permiti que meus desejos se realizássemos
30. Para que não morramos na juventude
31. Para que não cresçamos a esmolar nas ruas
32. Para que o mundo nos seja bom
33. Que nossos caminhos se abram
34. Se assim o merecermos
35. Que não vejamos a discórdia dos povos sobre a Terra
36. Nem a obra das feiticeiras, Ia Mi Ashorongá.
37. Nós saudamos, saudamos, saudamos.
38. Nossa saudação seja ouvida por Orunmila
39. Axé

ORAÇÃO À IFÁ (Yorubá)

1. Iba Olodumaré
Iba Orunmila Baba Agbonmiregun
Iba Okanlenirinwo Irunmole
Iba Akoda
5. Iba Aseda
Iba Oringun mereerin ayê
Iba Ile Ogeere afoko yeri
Iba atiyo Ojo
Iba Atiwo Oorun
10. Iba Ikorita meta ipade Orum
IbaF’olojo oni
Iba Eegun Ile
Iba Oosa Oja
Iba Agba
15. Iba Omode
Iba Oturarera tii se Alaabo Ijo Orunmila Ato
Iba Osalogbe ti o bi Egbe Odo Orunmila
Awa Egbe Odo Orunmila juba O, Ki iba wa se
T’omode ba juba baba re, agbe’le aye pe
20. Ada se nii hum omo
Iba kii hum omo eniyan
Isu sisun kii hum iná
Akoogba kii hum oloko
Atipa kii hum oku
25. Aso funfun kii hum olorisa
Eni ni nhum ogbon
Agbon kii hum’ni
Bi ekolo ba juba ile ile a lanu fun
Eyin araiye, E je o ju waa se o
30. Ka’ma ku lomode
Ka’ma dagba atoro je
Kaye o – ye wa o
Ka riba ti se
Ka rona gbe gba
35. Ka’ma r’ija Omo araye O
Ka’ma r’ija eleye O
A juba O! A juba O!! A juba O!!!
Ki iba wa ma hum wa O
Ase

GEOGRAFIA DA RELIGIÃO

** O texto a seguir é parte do Trabalho de Conclusão de Curso de João Francisco da Costa, Canoas (RS)


A Geografia é, em grande medida, a ciência que compreende os espaços e as relações que existem dentro deles, sejam neste planeta ou em qualquer outro. Analisar, conceber e perceber o espaço em que se vive, se habita e atua, são máximas de estudo desta ciência. As relações existente no meio humano dão vazão à reflexão de variadas temáticas: físicas, naturais, econômicas e, mais recentemente, a cultura. Diante disso, a Geografia expande sua compreensão buscando entender as culturas variadas, assim como, seu estabelecimento dentro das sociedades, suas influências e formas de perpetuação. Outrossim, a resistência étnica e cultural possibilita hoje, que estudemos e compreendamos as diversas categorias estabelecidas por esses paradigmas. As religiões, tão separadas das ciências por séculos, demonstram hoje valor especial e de atenção ao estudo Geográfico. Em um país como o Brasil é inegável a presença religiosa de matriz e cunho africanos. Não é difícil perceber o terreiro, os despachos, as encruzilhadas.
Os africanos escravizados no Brasil por três séculos deixaram-nos heranças e marcas profundas, que refletem em nossos dias, a vitória de raças e povos diferentes que nos influenciam, auxiliam e, principalmente estão presentes em nosso cotidiano, seja na pronúncia de palavras, seja no escutar dos tambores na vizinhanças, ou nas observações ora maldosas, ora receosas: casinha vermelha? Batuqueiro!
A natureza é em si, dual, perpétua, ela elabora formas de reconhecimento entre os seres, e essas formas foram aproveitadas e sacralizadas pelas religiões africanistas.
Conceber as categorias geográficas, como território, paisagem, natureza, simbologia, fé, tanto dentro das religiões como da Geografia, é prova da cientificidade do estudo preterido.
As formas de resistência dos africanos escravizados no Brasil, demonstram hoje, a potencialidade de suas culturas. Os fatos ligados a organização espacial, cotidiano e principalmente, pela luta por melhores condições de vida, fizeram com que os afro-descendentes, criassem uma nova perspectiva e identidade sócio-religiosa, no Brasil e, sobretudo, no Rio Grande do Sul.
Compreenderam, a necessidade de uma união e organização de seu “novo” espaço, a luz daquilo que de alguma sorte lhe dava esperança: A Religião, a Fé. Sacralizaram o novo território, tornaram-no mítico, mesmo sofrendo pressão social e eurocêntrica, não abandonaram seu vínculo comum: O imaginário, a crença, a força, o axé. É necessário à sociedade em geral compreender, hoje, as realidades passadas, em diferentes momentos históricos, visando a preservação da identidade (re) construída, pelos africanos e seus descendentes nessas terras. À Ciência Geográfica cabe contribuir com esse fato, buscando entendimentos e compreensões que possibilitem o desencadear de uma conscientização sócio-histórica-geográfica, a respeito das culturas negras tão amplamente instauradas dentro dessa própria sociedade..... Negar o presença da organização, força de trabalho, religião, culinária, idioma entre outros elementos de origem africana em nosso cotidiano, é negar a si próprio, ao próprio país, país este, afro-brasileiro.

Estudos Dirigidos 2º ano do Ensino Médio

O crescimento da população mundial está relacionado a muitos fatores, conforme o desenvolvimento das sociedades, em seus tempos históricos, sua cultura e, principalmente, o desenvolvimento das técnicas associadas à comunidade.
As pirâmides Etárias representam uma realidade da sociedade, mostrando, por exemplo, que o crescimento ou decréscimo das populações podem estar relacionados a períodos de guerras, ou ainda, a períodos de uma epidemia que pode ter dizimado uma parte significativa da população em detrimento de outra. As representações na Pirâmide demonstram também um aumento na força de trabalho, assim como, a estabilidade ou não da economia do país.

João Francisco da Costa.

Pirâmides – Definições

Pirâmide etária também conhecida como pirâmide demográfica ou pirâmide populacional é uma ilustração gráfica que mostra a distribuição dos diferentes grupos etários, em uma população (tipicamente de um país ou região do mundo), em que normalmente cria-se a forma de uma pirâmide. Esse gráfico é constituído de dois conjuntos de barras que representam o sexo e a idade de um determinado grupo populacional. É baseado numa estrutura etária da população, ou seja, a repartição da população por idades. Nesse tipo de gráfico, cada uma das metades representa um sexo; a base representa o grupo jovem (até 19 anos); a área intermediária ou corpo representa o grupo adulto (entre 20 e 59 anos); e o topo ou ápice representa a população idosa (acima de 60 anos). As pirâmides etárias são usadas, não só para monitorar a estrutura de sexo e idade, mas como um complemento aos estudos da qualidade de vida, já que podemos visualizar a média do tempo de vida, a taxa de mortalidade e a regularidade, ou não, da população ao longo do tempo. Quanto mais alta a pirâmide, maior a expectativa de vida e, consequentemente, melhor as condições de vida daquela população. É possível perceber que quanto mais desenvolvido econômicamente e socialmente é o país, mais sua pirâmide terá uma forma retangular. Uma guerra, por exemplo, provoca distúrbios visíveis numa pirâmide etária: uma queda no número de jovens e adultos do sexo masculino é o mais comum deles. Normalmente, após uma crise como essa, é notável uma reposição populacional estimulada pelo governo, chamada de baby boom.
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pir%C3%A2mide_et%C3%A1ria



Canto Das Três Raças

Penso que esta música reflita muito sobre a questão étnica no Brasil e, sobretudo, a cruel realidade sofrida pelos índios e índias e pelos negros e negra, ao longo da composição da historicidade da população brasileira, ontem e hoje.


Clara Nunes
Composição: Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro



Ninguém ouviu
Um soluçar de dor
No canto do Brasil
Um lamento triste
Sempre ecoou
Desde que o índio guerreiro
Foi pro cativeiro
E de lá cantou
Negro entoou
Um canto de revolta pelos ares
No Quilombo dos Palmares
Onde se refugiou
Fora a luta dos Inconfidentes
Pela quebra das correntes
Nada adiantou
E de guerra em paz
De paz em guerra
Todo o povo dessa terra
Quando pode cantar
Canta de dor
ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô
E ecoa noite e dia
É ensurdecedor
Ai, mas que agonia
O canto do trabalhador
Esse canto que devia
Ser um canto de alegria
Soa apenas
Como um soluçar de dor

MÃE PRETA

Pele encarquilhada, carapinha branca
Avental de renda caindo na anca
Embalando o berço do filho do senhor
Que há pouco tempo a sinhá ganhou
Era assim que Mâe Preta fazia
Tratava todos brancos com a mesma alegria
Porém lá na senzala Pai João apanhava
Mãe Preta mais uma lágrima enxugava
Mãe Preta, Mãe Preta,
Enquanto a chibata batia em seu amor
Mãe Preta embalava o filho branco do senhor
Enquanto a chibata batia em seu amor
Mãe Preta embalava o filho branco do senhor
Mãe Preta, Mãe preta.