Estando Olofin pensativo, Obatalá lhe pergunta: Ba Ya mi o niki? (O que há Pai - Mãe meu?). Gbo Obatalá: Iba atiwo Ojo, Iba Atiwo Oorun, Iba demiòó Obàkoso (Escute Obatalá: Eu saúdo o dia, eu saúdo a noite, Eu saúdo o futuro rei do relâmpago).
Estático, Obatalá vê se criar um novo orixá, a sua frente forma-se a figura de um negro, de raríssima beleza, cabelos trançados, robusto, corpo delineador, olhos rasgados, surge Sangô (Xangô).
Com grande expectativa, Exu Odara e Oduduá apresentam-se a presença de Olofin, com o intuito de presentear o novo orixá.
Xangô recebe de Exu, a serenidade e lógica, além do raciocínio gélido a solução de qualquer problemática, não contente, Exu ainda o presenteia com força física, a resolução analisada, tramada, inteligente. Oduduá, admirada com a Criação de sua Mãe – Pai, concede ao novo irmão, a beleza atrativa, o mistério no olhar, a sedução pela exposição de sua figura, de seu estilo, além, a Eborá, dá a Xangô, a vivacidade, a esperança e o poder de escolha, mesmo que esta seja precipitada, refletindo em reações posteriores.
Obatalá, entendendo que deveria presentear o novo orixá, dá-lhe o Emi – sopro de vida, da-lhe ainda, a sensatez, o discernimento, o poder da oratória, do controle pela palavra, o pulso firme.
Xangô, sentido-se repleto de energias, vê-se orixá do Orum, com suas regras, por ele mesmas criadas; com suas graças, por ele mesmas desenvolvidas; por sua sabedoria eterna, herdada de seu Pai – Mãe.
Quando da Criação da Terra, Xangô decide habitá-la junto com seus irmãos. Todavia, as feições dadas a Xangô, o lançaram em um mar de soberba, de sentimento de superioridade, de contradição consigo mesmo, da não aceitar opiniões e comentários, a impaciência tomou conta desse orixá, quando assumiu uma forma humana.
Quando humano Xangô foi Alafin (rei) de Oyó, demonstrando despotismo e injustiças, o que ocasionou mais tarde no abandono e expulsão dele de seu reino; sentido-se humilhado, Xangô adentra a terra, retornando a seu estado Orixá e voltando ao Orum, prometendo a Olodumaré, que seria o eterno responsável pela justiça entre a humanidade, como forma de reparar sua soberba, quando aqui esteve.
Xangô é o trovão, vaidoso, cuidadoso, que encontra características próprias para sua ocorrência. É a contradição da reflexão humana; o que pensa e age, com cautela, após longa pesquisa de possíveis reações. Sangô é a vaidade ai extremo, a soberba que toma conta da humanidade; ele é justo porque se pune. É a nuvem de altitude, que carrega em si gelo, água e vapor em um constante movimento na atmosfera, que quando encontra outra nuvem (Xangô), provoca um ruído, um estrondo, avisando que este orixá se encontra próximo.
Agodô, Apará, Abeô, Agandjú, Toqui, Oni, Ibeji, Djákutá, Airá, Baiani, Bomi, Ebomi, Akpalô, Deci, Taubi, Lairã, Deí, Kocy, Onijeum, Alafuyá, Bambuche, Belicioni, são algumas qualidade de Xangô, conforme suas divisões e moradas, escolhidas por ele mesmo, quando resolveu habitar a Terra, junto com os outros orixás, quando este planeta foi criado por Oduduá.

0 comentários:
Postar um comentário