DO IMPULSO À VITÓRIA - por João Francisco da Costa

Ora, Olofin pretendendo criar uma prole que vivesse de bem comum, resolveu criar sentimentos, porque o Orum encontrava-se cheio de suas e somente suas ordens. Desde muito, Olofin pretendia criar um orixá que tivesse esperteza nas forças e nas lutas, que sabia um dia deveriam acontecer; e assim, Olodumaré resolve fazer que apareça Ogum.

Ogum, Senhor da Força material, foi dado a ele por Olofin, a força do impulso, sim do agir por impulso, força essa demonstrada na humanidade sob a forma da guerra, a belicosidade. O Segredo (Olofin), resolveu dar então ao ente que criava, a mente ao desenvolvimento da defesa do Orum, contra os próximos que seriam criados.

Ogum recebeu de Exu Odara, o fole, com o qual esquentaria e diluiria os metais, ganhos por ele de Obatalá, que vendo seu Pai criar um orixá masculino, irradiou-se de alegria, assim, Ogum ganhou o domínio sobre o minério de ferro, o alumínio, o manganês, são dele, ou seja, ele próprio é a metamorfose natural que fundi o manganês e o alumínio, formando a liga de ferro, que será modelada em armamento.

Ogum, ainda recebeu de Oduduá, o amor incontrolável, o sentimento da traição, da conquista, porém, não correspondida muitas vezes, e é isso mesmo o que Ogum mais adorou, a luta, a busca pelo amor, por aquilo que ele mesmo julga impossível, porém, plenamente realizável. Enfim, Ogum é a dúvida, a incerteza, mas é também, a teimosia de reconquistar o que se perde, Ele é a força interna, a pressão que a Terra faz de seu interior para fora, com o intuito de forjar os minérios, ora separando os que são necessários, ora expelindo os que já não mais precisa.

A Ogum foi dado o dom de cuidar das plantações de Olodumaré, senhor absoluto das ferramentas que revolvem a terra ao plantio, é ele, os grandes campos e campinas de plantio, as plantas que se unem e misturam às plantas naturais impetuosamente, modificando-as, misturando-se se acoplando.

Senhor da bravura, da experiência orixá e humana, o impulso bélico humano, o impulso sentimental de cada ser, é ele a traição de si mesmo, as contradições do dia e da noite, a serpente que andarilha pelas moitas e macegas.

Malê, Naruê, Deí, Badeí, Odiola, Onira, Avagã, Gamgam, Delê, Azuetu, Tobá, Irajeí, onin opá, são algumas qualidade de Ogum, conforme suas divisões e moradas, escolhidas por ele mesmo, quando resolveu habitar a Terra, junto com os outros orixás, quando este planeta foi criado por Oduduá.

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